Ascom Comitê 8M
Fotos: Cassiano Márquez
Apesar de ser um estado pequeno, o Acre lidera o ranking de feminicídios no Brasil, é o que aponta um levantamento recente do G1. Indignadas com a ausência de políticas de enfrentamento à violência, mulheres de vários municípios do estado saíram às ruas nesta sexta-feira, 6, em Rio Branco.
A manifestação integra as inúmeras atividades do Movimento 8 de Março (8M), que ocorrem no Brasil, neste fim de semana. Na capital acreana, o protesto se iniciou ainda na madrugada, com o “amanhecer feminista” e foi seguido do ato “Por Nossas Vidas: Silenciadas Jamais”.
Pelo Centro de Rio Branco, cruzes e cartazes com palavras de ordem e estatísticas dos números de violência foram distribuídos pelas ativistas. As manifestantes protestaram pelo derramamento de sangue e feminicídio de tantas acreanas, nos últimos anos.
“Nós mulheres negras, lésbicas e de terreiros convivemos com o medo, a violência e o preconceito diariamente. Fomos esquecidas pelo poder público, liderado por um governo fascista que tem à frente um presidente misógino, racista, lesbofóbico, xenofóbico, transfobico e machista, que incentiva a discriminação e a violência e tem retirado direitos adquiridos com muita luta”, afirmou a feminista Kedma Abigail.
Elisangêla Silva, representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), foi às ruas por respeito. “O 8M é super importante porque a CUT sempre apoiou a luta das mulheres, por dignidade, por respeito e trabalho. Vinhemos pedir respeito pelas nossas vidas”, destacou.
Durante a manifestação, que reuniu mulheres urbanas, do campo, indígenas e ribeirinhas, foi lido um manifesto que é assinado pelo Comitê 8M Acre. “Decretamos e lutaremos pelo fim do patriarcado, do machismo, do racismo e das desigualdades de gênero e social”, diz o documento.
No Acre, as atividades do 8M se estendem por todo o mês de março. No domingo, o coletivo Moças do Samba realiza o show feminista “Tem Mulher no Samba”, a partir das 19 horas, na Usina de Artes João Donato, em Rio Branco.
Confira o manifesto do Comitê 8 de Março na íntegra:
COMITÊ 8 DE MARÇO
MANIFESTO POR NOSSAS VIDAS
Nós, mulheres amazônidas, dos movimentos sociais, sindicais, mulheres LBTs, empregadas domésticas, donas de casa, feministas, negras, indígenas, brancas, caboclas, urbanas, do campo, da floresta e das águas, neste 8 de março nos manifestamos pela vida e decretamos nosso amor à liberdade. Transformando a violação dos nossos direitos em luta e esperança, reafirmamos:
- Que a vida das mulheres de todas as raças etnias e cores seja preservada;
- Que nenhum direito nos seja tirado e que todas as mulheres tenham acesso aos direitos conquistados, como aposentadoria integral e oportunidade de trabalho;
- Que todas as mulheres violentadas e as famílias que tiveram seus filhos e filhas assassinados(as) recebam apoio social e psicológico para refazerem e continuarem suas vidas;
- Que todas as expressões de fé sejam exercidas com liberdade, respeito e tolerância;
- Que todas as formas de amor sejam respeitadas;
- Que as instituições públicas e privadas desenvolvam ações de combate a todo tipo de preconceito, misoginia, xenofobia, lesbofobia, transfobia, machismo, racismo, sexismo e violência contra às mulheres;
- Que cada pessoa, cada família e a sociedade em geral assumam seu papel de educadores para a construção de relações mais humanas, mais saudáveis, mais respeitosas, que promovam a paz;
- Que o Estado brasileiro crie mecanismos concretos para ampliar a representação das mulheres , jovens, indígenas, negras, mulheres trans nos espaços de poder;
- Que respeitem nosso direito de decidir sobre nossas vidas;
- Que a Democracia seja preservada, aperfeiçoada e ampliada no Acre e em todo o Brasil!
- Por fim, decretamos e lutaremos pelo fim do patriarcado, do machismo, do racismo e das desigualdades de gênero e social.
POR NOSSAS VIDAS, SILENCIADAS JAMAIS!
Rio Branco, Acre, 6 de março de 2020