Não vai demorar muito para a nova secretária Mônica Kanaan compreender que a política e a Saúde acreanas não são brincadeiras de criança.

Ela terá que usar muito mais do que os seus conhecimentos em pediatria para colocar em funcionamento uma máquina emperrada, que travou de vez desde janeiro deste ano.

A senhora Kanaan, ao contrário do que o governador Gladson Cameli tenta vender, não é uma conhecedora profunda da gestão pública.

Nunca exerceu função de tamanha responsabilidade como a que assumirá a partir de agora.

Até no gerenciamento de empresas privadas naufragou. Não se deu bem, a ponto de receber condenações.

Recentemente, em fevereiro, foi conduzida à função de responsável pela unidade de neonatal no Hospital de Ceilândia, na periferia de Brasília.

Gladson Cameli escolheu o modelo do Instituto Hospital de Base de Brasília para ser adotado no Acre.

O IHBB funciona como um Serviço Social Autônomo, nos moldes do Sistema S.

Trata-se de uma entidade cuja função é trabalhar ao lado do Estado, realizando atividades e serviços de cooperação e fomento que lhes são atribuídos em virtude do interesse específico das categorias ou grupos profissionais que representam.

Não se trata, portanto, de prestação de serviço público, mas de atividade privada de interesse público.

Esse modelo de Brasília é uma espécie de Pró-Saúde 2.0.

É com a missão de terceirizar a Saúde que a senhora Kanaan foi importada para o Acre.

Ela trabalhou com isso em Brasília.

Mas logo perceberá que não será fácil como lhe foi prometido. Há muitas pedras no meio do caminho.

A secretária de Saúde também não deve conhecer profundamente o seu chefe Gladson Cameli.

Se conhecesse, pensaria melhor antes de assumir uma das pastas mais problemáticas de qualquer gestão.

Se prometeram uma Canaã, a senhora Kanann vai se deparar com uma terra arrasada.

Resta saber se conseguirá fazer a travessia do deserto.

Cameli não é homem de cumprir a palavra.