Governo Wilson Lima já destinou R$ 1,5 bilhão à empresa com histórico de obras não entregues

A gestão pública do Amazonas enfrenta severas críticas pela condução de contratos milionários com a Construtora Etam Ltda., empresa com histórico de ineficiência e envolvimento em escândalos investigados pela Polícia Federal. Apesar de operar em um cenário econômico desafiador, o governo do estado, sob a administração de Wilson Lima, tem direcionado bilhões de reais à construtora, mesmo diante de obras inacabadas, atrasos crônicos e suspeitas de corrupção.

Dados disponibilizados no Mapa Vivo de Obras do Governo do Amazonas revelam que, dos 11 contratos assinados com a Etam, que somam R$ 2,2 bilhões, apenas quatro resultaram em obras concluídas e entregues. Entre essas estão melhorias na Estação de Tratamento de Esgoto no Educandos (R$ 46,7 milhões), a urbanização do Igarapé dos Franceses (R$ 57,1 milhões) e a duplicação da Rodovia AM-070 (R$ 320 milhões). No entanto, outras obras emblemáticas, como a reforma da Rodovia AM-010 e a prometida Cidade Universitária de Iranduba, permanecem paralisadas ou inacabadas.

Paralisações e escândalos

Entre os contratos mais problemáticos, destaca-se a reforma e modernização da Rodovia AM-010, iniciada em 2022 e com conclusão prevista para 2026. Embora apenas 45% do projeto tenha sido executado, a construtora já recebeu mais de R$ 303 milhões dos cofres públicos. Outro exemplo alarmante é a Cidade Universitária, contratada por R$ 47,9 milhões em 2013 e entregue em estado de abandono, mesmo após o repasse de R$ 43,9 milhões à Etam.

O histórico da empresa é marcado por polêmicas. A Etam foi investigada em 2023 pela Polícia Federal durante a Operação Ptolomeu, que apurava desvios de recursos públicos, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações. A construtora é de propriedade de Eladio Cameli, pai do governador do Acre, Gladson Cameli, também alvo da operação. Apesar das graves acusações, os contratos e pagamentos à empresa não sofreram interrupções.

Pagamentos bilionários e dispensa de licitação

De 2019 a 2024, a Etam recebeu mais de R$ 1,52 bilhão do Governo do Amazonas, um recorde de repasses durante a gestão de Wilson Lima. Apenas em 2023, a construtora foi remunerada com R$ 450 milhões, valor mais alto já desembolsado pelo estado. Mesmo diante de um decreto estadual para redução de gastos, o governo continuou priorizando a empresa.

Além dos contratos estaduais, a Etam foi contratada em 2024 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para reconstruir pontes na BR-319 que desabaram em 2022. A empresa recebeu R$ 56,2 milhões em contratos emergenciais sem licitação.

A gestão sob escrutínio

Embora os contratos milionários sejam justificados como investimentos em infraestrutura, a execução deficiente das obras e a priorização de uma empresa com histórico controverso levantam questionamentos sobre a transparência e responsabilidade fiscal do governo. Por que, mesmo diante de suspeitas de corrupção e ineficiência, a Etam continua sendo beneficiada com contratos robustos? E, mais importante, como o governo do Amazonas pretende assegurar que os recursos públicos sejam revertidos em benefícios reais para a população?

Entramos em contato com a Secretaria de Estado de Comunicação em busca de mais informações sobre as contratações com a empresa mas, até o momento, não obtivemos respostas.

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