Em depoimento bombástico à CPMI dos Atos Golpistas, hacker de Araraquara diz que foi enviado por Bolsonaro ao Ministério da Defesa, onde foi recebido pelo general do Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, então ministro.
Em depoimento à CPMI dos Atos Golpistas nesta quarta-feira, Walter Delgatti Neto, o “hacker de Araraquara”, afirmou que na primeira reunião com Jair Bolsonaro (PL), no Palácio da Alvorada, o ex-presidente ofereceu um “indulto presidencial” em troca da proposta de invadir as urnas eletrônicas e mostrar uma suposta fragilidade no sistema de votação – que ele não conseguiu realizar.
“Ele me disse que estaria salvando o Brasil, precisava ajudá-lo a garantir a lisura das eleições. A ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia”, afirmou o hacker. “Se um juiz te prender, eu vou mandar prender o juiz”, teria dito o ex-presidente, segundo Delgatti.
Delgatti afirmou que, no primeiro encontro – um café da manhã com cerca de 3 horas de duração -, a conversa girou em torno das urnas eletrônicas, mas que Bolsonaro não entendeu a parte técnica e ordenou que ele fosse enviado ao Ministério da Defesa.
“A ideia era falar sobre as urnas, a lisura das urnas, e a eleição. Até que o presidente me disse: a parte técnica não entendo, vou te enviar ao Ministério da Defesa e lá você explica isso”, afirmou Delgatti.
Delgatti diz que foi acompanhado por Marcelo Campos até o Ministério da Defesa, por onde esteve outras quatro vezes.
Na Defesa, o hacker diz ter sido recepcionado pelo então ministro, o general do Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e teve reuniões com técnicos do Ministério.
Delgatti diz ter produzido, juntamente com os técnicos da Defesa, o relatório enviado por militares ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).