Um áudio que circula nas redes sociais pode revelar muitas coisas.
Revela fatos que nem sempre são vistos à luz do dia.
Mostra bastidores.
Quando a fala gravada vem em forma de arrogância, na certeza da impunidade, a situação fica ainda mais grave.
Ontem, veio a público um áudio do líder do governo na Assembleia Legislativa, Manoel Moraes (PP), que eviscera o real tratamento e o aproveitamento político da contratação de terceirizados pelo governo do Estado.
Essas contratações, pelo o que se ouve, são verdadeiras montagens de currais eleitorais, às custa do dinheiro público.
Moraes, com todas as letras, diz que as contratações de terceirizados para a OCA de Xapuri devem passar pelo seu crivo.
Arrogante, o líder de Gladson Cameli bravateou para alguém não identificado: “Quem manda aqui é o deputado Manoel Moraes”.
E foi mais longe, ameaçando trazer empresa de São Paulo para assumir o contrato: “Você se cuide, porque eu vou pegar outra firma de São Paulo ou de Manaus. Vamos colocar para administrar isso aqui”.
O vazamento do áudio chegou ao grupo formando por deputados estaduais.
Este Portal do Rosas teve acesso a alguns trechos do diálogo.
Internamente, Moraes assumiu ser o autor do audio.
“Eu estava em minha terra, quando chegou a chefe da OCA de Xapuri chorando, dizendo que o dono da terceirizada tinha dito absurdos”, declarou. Veja o print abaixo.
Ligado à empresas especializadas em contratação de terceirizados, o deputado Fagner Calegário manifestou preocupação e falou sobre supostos acordos entre os parlamentares.
“Sabemos de acordos políticos. No entanto, se formos levar ao pé da letra, quem contrata e demite é a empresa que foi contratada para prestar o serviço”, argumentou. Veja o print abaixo.
Outro que meteu o bedelho foi Afonso Fernandes, que também é apontado como proprietário de uma empresa, embora não apareça no quadro societário.
“No momento em que vivemos, já não sei o que dizer”, desabafou.
A coisa a ser dita é que essa é uma flagrante ilegalidade, que merecia apuração do Ministério Público Estadual.
A coisa a ser dita é que perderam o pudor de utilizar a máquina pública para satisfazerem aos interesses políticos e individuais.
A coisa a ser dita é que o Acre está à deriva.