Por Francisco O. D. Veloso*
O Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de Maio, é mais do que uma data no calendário: é uma lembrança histórica das lutas por dignidade, direitos e justiça no ambiente de trabalho. Por isso, não podemos permitir que a simbologia deste dia se perca em discursos vazios ou celebrações desconectadas da realidade. Na Universidade Federal do Acre (UFAC), infelizmente, há pouco a comemorar — e muito a enfrentar.
A atual gestão da UFAC tem adotado como marca discursiva a expressão “nossa querida UFAC”, evocando um suposto pertencimento afetivo que, na prática, não se traduz em responsabilidade institucional. Essa insistência retórica opera como cortina de fumaça diante de fatos graves que vêm sendo sistematicamente ignorados pela Reitoria: denúncias sólidas, documentadas, envolvendo assédio moral, bullying e práticas incompatíveis com a ética universitária, sobretudo partindo do interior do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLI), que deveria ser um lugar de fazer ciência e produzir conhecimento que traria crescimento para a sociedade local.
A resposta da administração superior tem sido a omissão. Processos com provas robustas não são apurados com o devido rigor, e servidores adoecem em silêncio, enquanto estruturas institucionais são corroídas por gestões que preferem evitar conflitos a encarar a verdade. O resultado é a banalização do desrespeito, o esvaziamento da escuta e o descrédito das instâncias internas de apuração.
É preciso reafirmar que a universidade pública não se sustenta em slogans.
Ela exige transparência, compromisso com a legalidade, valorização do trabalho docente e técnico-administrativo e proteção contra qualquer forma de violência institucional.
Estamos a pouco mais de um ano das eleições para a Reitoria. Que o 1º de Maio nos convoque a pensar seriamente sobre o futuro da UFAC. Não se trata apenas de escolher novos nomes — trata-se de reconstruir os princípios que sustentam a vida universitária: ética, responsabilidade e respeito.
Mais do que nunca, é preciso romper o silêncio e agir com coragem.
* Francisco O. D. Veloso éDoutor em Linguística Aplicada, Professor da Universidade Federal do Acre