O Partido dos Trabalhadores (PT) completa 43 anos de fundação nesta sexta-feira, 10.
Esse partido foi fundado a partir de um encontro histórico, no Colégio Sion, em São Paulo.
Estavam presentes lideranças sindicais, religiosas e movimento social, bem como ativistas de esquerda que haviam retornado do exílio imposto pela ditadura militar.
Nessas mais de quatro décadas, o partido teve muitas idas e vindas.
Desde a redemocratização, conseguiu eleger cinco vezes um presidente da República.
Em três oportunidades, o eleito foi Luiz Inácio Lula da Silva. Em duas, Dilma Rousseff.
Nunca um partido político no Brasil sofreu uma perseguição tão grande da imprensa e da Justiça como o PT.
Ao longo do caminho, membros da legenda enveredaram pelo caminho pouco virtuoso da corrupção.
Hoje, o PT tem quase dois milhões e quinhentos mil de filiados e é a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados.
O PT é o maior partido da América Latina e um dos maiores do mundo, segundo site oficial da legenda.
Nacionalmente, os ares de reconstrução e de esperança voltaram soprar para os petistas com a terceira eleição de Lula.
Mas como está o PT no Acre?
A resposta: vai mal, muito mal.
Dos 43 anos de existência, o PT governou o Acre durante 20 anos.
Também comandou a prefeitura de Rio Branco, capital do Estado, por mais 14 anos.
E o que tem hoje?
A resposta: nada.
Qual a explicação para que um partido que liderou uma frente partidária durante duas décadas praticamente voltar a estaca zero?
A pergunta é difícil de responder.
Mas vamos tentar.
Na minha avaliação, um dos principais pontos é que os petistas fizeram muito pelo povo, mas não fizeram junto com o povo.
E construção sem participação de atores populares tende a desmoronar.
Os petistas perderam a guerra da comunicação. Não entenderam que a forma de comunicar mudou, mas continuaram no apoio às mídias tradicionais, enquanto as redes ditavam a pauta.
Demoraram a compreender que a comunicação deixou de ser de poucos para muitos para ser de muitos para muitos.
Todos viraram comunicadores. E o PT não percebeu.
Ao longo dos 20 anos, os governos petistas se cercaram de exércitos mercenários, que mudaram de lado nas primeiras ventanias contrárias.
O poder tem esses mistérios. Com as suas luzes, consegue atrair facilmente as mariposas.
Aliados e pessoas com fortaleza ideológicas foram deixados no meio do caminho.
E não se deixa construtor de sonhos para trás.
Em duas décadas, o PT não formou lideranças capazes de levar em frente o tal pacto de gerações.
Sem líder, não há vitória.
Nas eleições do ano passado apresentou Jorge Viana como candidato ao governo e Marcus Alexandre como vice.
Era o que tinha de melhor, mas foi derrotado fragorosamente por Gladson Cameli.
Vi investimentos e supostas lideranças que não vingaram, que não tinham firmeza ideológica ou eram incapazes de gerar empatia com o cidadão-eleitor.
O resultado é que aquele que já foi o maior partido do Acre não tem um vereador na capital.
Também não tem prefeito.
É órfão de deputado estadual, deputado federal e prefeito.
É assim que o PT acreano chega ao 43 anos de vida: sem rumo, sem prumo e sem perspectiva de voltar aos tempos áureos.
Há quem acredite numa provável retomada de rumo a partir da vitória do presidente Lula.
Difícil de acreditar nisso.
Antigamente, diziam que o PT cabia no Fusca vermelho do ex-deputado federal Nilson Mourão.
Naquela havia sonhos e utopias.
O Fusca não existe mais.
Hoje não tem nem luz no fim do túnel.
A estrela que voltou a brilhar nacionalmente, perdeu o lume em território acreano.
Há pesadelo.
Não há o que comemorar.