Insatisfeitas com as críticas que faço contra o atual governo, várias pessoas retrucam dizendo que eu estaria com saudade da “boquinha”.
Costumo dizer que não tenho saudade nem da “boquinha” nem da “bocona”.
Tenho quase certeza de que dificilmente serei convidado novamente para compor um governo e, se isso chegar a acontecer, a resposta será não.
Digo isso por vários fatores, mas o pior é o pós-governo.
Um dos principais problemas, que persegue os ex-gestores por anos são as tais prestações de conta.
O gestor cuida do macro e deixa o burocráticos para o compor técnico. E quase sempre se ferra.
Comigo não seria diferente.
Hoje, ainda cedo, um cidadão chamado Hedislande Gadelha me despertou com a “bela” notícia: – Léo, tu és ficha suja.
Ele vibrou.
Como é do seu estilo, Gadelha colocou a boca no fundo.
Ele até me ligou depois, eu disse que esse é o trabalho dele, para seguir em frente em botar para moer no Espinhoso.
Tenho boa relação com o Hedislande.
Diante da informação, fui atrás da minha sujeira e achei.
Tornei-me ficha suja porque o Tribunal de Contas da União (TCU) me condenou a devolver a nada módica quantia de R$ 548.4 mil, mais multa de R$ 30 mil, como valores de janeiro de 2022.
Convenhamos, se eu tivesse tanto dinheiro não estaria escrevendo para sobreviver.
Vamos ao motivo da condenação.
Em 2007, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo, assinou convênio com Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para a “Implantação de núcleos produtivos comunitários de artesanato no Acre”.
Confesso que cheguei a ver uma obras muito esquisitas no bairro Montanhês, em Rio Branco.
Na época da assinatura do convênio, o secretário era o advogado Cassiano Marques.
Com a mudança de governo, a partir de janeiro de 2011, a secretaria passou a ser comandada por Ilmara Rodrigues.
E o convênio rolando.
Vamos ver onde entrei na história.
Em agosto de 2013, a Ilmara pediu demissão.
O então governador Tião Viana pediu para eu responder cumulativamente pela Setul, haja vista que eu estava como secretário de Comunicação.
A ideia era passar pouco tempo, mas fiquei seis meses.
E foram seis meses que até hoje trazem inúmeras dores de cabeça.
A pasta tinha muitas coisas, menos os procedimentos administrativos corretos.
Nessas obras do mencionado convênio, felizmente, não tive o desprazer de assinar um pagamento sequer.
O meu erro: assinar a prestação de contas de 2013.
Quando ocorre esse tipo de coisas, o melhor caminho é do recurso. É o que farei.
Na verdade, creio que virão outras condenações, principalmente no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Em todas caberá a mim recorrer.
Com frieza e tranquilidade, quando acontece isso, eu faço de conta que não é comigo e sigo em frente.
Irão me tachar de muitas coisas, mas o carimbo de ladrão do dinheiro público não cabe em mim.
E nem venham me oferecer “boquinha” ou “bocão”.