PORONGA – Bocalom, um político que saiu do ‘nada a declarar’ para um patrimônio milionário

Frase: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre as mesmos lugares”, Fernando Pessoas.

Corrupção na origem

Vou meter o dedo numa ferida que poucas pessoas se atrevem. Vou falar não da corrupção dos políticos, mas dos eleitores. Cansei de ouvir a ladainha de que aqueles que estão na política, principalmente os que detém mandato, são gatunos. Ora, o problema de tudo está na origem.

Voto comprado 

A maioria daqueles e daquelas que tacham os políticos de corruptos são os que, no período eleitoral, colocam os seus votos à venda. Consequentemente, quem faz negócio com um direito legitimo garantindo na democracia, perde a prerrogativa de cobrar a quem lhe comprou e subornou. 

Compra e venda

Na comercialização do voto entre os eleitor e o candidato não há uma espécie de Procon para que a cobrança seja feita. Quem vende, naturalmente, perde a prerrogativa de exigir seriedade dos eleitos. E os detentores de mandatos sabem tanto disso, que passam quatro anos amealhando dinheiro para voltar a comprar no momento certo. 

Dois corruptos

Resumindo, na minha avaliação não há diferenciação entre corrupto e corruptor. Com a criminalização da politica, tanto é corrupto quem vende quanto quem compra. Há uma simbiose de interesses que atrasa o processo de evolução da sociedade. E o pior é que a tendência é piorar.

Mister simpatia 

Dói ouvir de muitas pessoas afirmando que não votarão em beltrano ou sicrano por ser arrogante. Essa pobreza de argumento, infelizmente, ganha repercussão até mesmo no meio de formuladores de pensamento critico. Essa turma deveria refletir que não elegemos miss ou mister simpatia. 

Arrogância ilimitada

Embalado pela imprensa bem paga e pelas redes sociais, o governador do Acre, Gladson de Lima Cameli, o Dancinha, vende a imagem de ser uma pessoa humilde. Puro jogo de cena. Não há sujeito mais arrogante e vaidoso do que ele na nossa história. 

Um exemplo

Um exemplo claro da arrogância ilimitada do Dancinha é o aluguel de um jato para ele viver flanando de um lado para o outro às custas do sofrido povo acreano. Nunca na nossa história um governador teve essa mordomia. Ele é apenas um caso, mas há outros. 

Patrimônio do Bocalom

Semana passada, como é de praxe, Tião Peixão Bocalom atacou Jorge Viana gratuitamente. Naquela vez, o petista não ficou calado e revelou que havia ajudado ao prefeito de Rio Branco nos tempos das vacas magras, inclusive dinheiro para a alimentação. Peixão retrucou e declarou que tinha um robusto patrimônio.

Declaração ao TSE

Peixão Bocalom foi secretário de Jorge Viana a partir de 1999. Deixou o cargo na Secretaria de Agricultura e concorreu à prefeitura de Acrelândia em 2004. Disse ao TSE que não tinha nada a declarar. Ou seja, cai por terra a história de que tinha 16 colônias, casa boa e gado no período em que trabalhou para o governo do PT.

Evolução patrimonial 1

Diante da polêmica, fui pesquisar no site da Justiça Eleitoral. Peixão Bocalom, que não tinha nada em 2004, declarou ter um patrimônio de R$ 462 mil, em 2008, quando disputou o governo do Estado. 

Evolução patrimonial 2

Peixão Bocalom gosta de disputar eleição. É um político profissional. Em 2010 concorreu ao governo e quase foi zebra. Naquele ano, o seu patrimônio declarado era de R$ 534 mil. Nada mal, para quem não tinha nada em 2004.

Evolução patrimonial 3

Em 2012, Peixão Bocalom resolveu concorrer a prefeito de Rio Branco. Não se assuste com a evolução patrimonial do homem que se diz um poço de honestidade. Aquele sujeito que não tinha nada em 2004 declarou ser dono de um patrimônio de R$ 1,1 milhão. A política faz milagre da multiplicação. 

Evolução patrimonial 4

O patrimônio declarado de Bocalom segue uma onda de altos e baixos. Ele declarou ter R$ 839 mil em 2014, quando concorreu ao governo. Nas eleições de 2018, quando tentou ser deputado federal, o patrimônio baixou para incríveis R$ 128,5 mil. 

Evolução patrimonial 5

Peixão Bocalom consegue fazer a multiplicação do patrimônio. O mesmo cara que declarou ter apenas R$ 128,5 mil em bens nas eleições de 2018, disse ter  R$ 1,4 milhão quatro anos depois, em 2022. Na ultimas eleições de 2024, ele declarou ser dono de pouco mais de R$ 1 milhão

Processo no Incra 

Pipira super bem informada, porém, jura que há um processo no Incra por posse ilegal de lotes do Incra, que ele chama de fazenda. A fonte assegura que  deve está em fase final na Justiça Federal. Quem moveu as ações de retomada foi o ex procurador federal do Incra  Vicente Brito. Ele teria vários lotes ilegais no Projeto de Assentamento Pedro Peixoto. Que onda, hein?

Manutenção de viaturas

A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) tem três contratos voltados à manutenção preventiva e corretiva da frota de veículos da pasta. O montante é de R$ 11,9 milhões. Todos os contratos são do mesmo grupo empresarial e têm causado os mais diversos comentários, em razão da proximidade de gestores com empresários.

Andar de cima

Segundo pipira palaciana, a forma como as coisas acontecem nos contratos estaria provocando ciumeira no chamado ‘andar de cima’. É que o detentor da cobertura palaciana não gosta de ver os seus subordinados surfando sozinhos. Comentário maldoso do pequeno pássaro: “Estão cobrando troca de óleo como se fosse troca do motor”. Eu não acredito nisso. Só sei que a Polícia Federal foi informada.

Processo do Gladson

Parece uma coisa, em todos os lugares em que eu vou, as pessoas fazem a mesma pergunta: “O processo do governador está como, será que ele sofrerá condenação e permanecerá no mandato?”. Respondo a mesma coisa: Espere. A ação penal está nas mãos do ministro-revisor João Otávio Noronha, que é o responsável por pedir a data do julgamento. 

As testemunhas e interrogatório

Agora em outubro completa um ano em que as testemunhas de defesa e de acusação foram ouvidas na ação penal contra o governador do Acre. Cameli adiou o seu interrogatório, que só foi prestado no dia 5 de novembro. Na época ele declarou que o apartamento de luxo comprado em São Paulo, com valor superior a R$ 6 milhões, seria do seu pai Eládio Cameli. A história não colou.

Viaduto da Corrente – foto.

Fazer as coisas corretas não é praxe no governo do Estado. O escândalo da vez diz respeito ao processo licitatório para a construção do viaduto da Corrente, na entrada de Rio Branco. O Departamento Jurídico da Secretaria de Estado de Administração constatou que o consórcio vencedor da obra apresentou atestado técnico após o processo licitatório, o que causou a inabilitação. 

Decisão do TCU

Chama a atenção é que esse consórcio foi chamado para executar a obra após uma outra ter sido inabilitada por decisão do Tribunal de Contas da União. O empresário recorreu e o seu pleito foi atendido pelo governo do Estado. Ele disse que vai até o fim, embora já tenha político querendo que ele desista.  Vai feder.

Siga-me no Instagram: @leorosas1365

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *