Após declarar a existência de uma Máfia da Saúde dentro do governo, Gladson Cameli resolveu chamar o Exército para comandar a tropa.
Mesmo sem conhecer, fez os coronéis da reserva Jorge Fernando de Resende e Marcos Moraes tirar os pijamas para vir complementar o soldo como secretários adjuntos da secretária de Saúde, Mônica Kanaan.
Como credenciais dos novos subsecretários, a senhora Kanaan apresentou o fato de ambos serem amigos do seu esposo.
Nada mais do que isso, numa demonstração de que amizade é tudo.
Não se tem conhecimento de outra experiência da dupla de militares reformados na administração pública.
Nos corredores da Sesacre é dado como certo que um militar irá comandar o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) e o outro o Hospital das Clínicas.
Nessas duas unidades ainda há grande influência do deputado estadual José Bestene (PP).
A partir de agora, Bestene terá os seus espaços reduzidos.
Mônica Kanaan é casada com o também militar Reginaldo Ramos Machado, que foi nomeado recentemente para exercer a função de diretor de Obtenção de Terras e Implantação de Projetos de Assentamento do Incra.
Na coletiva que concedeu hoje, além de apresentar os nomes dos amigos, a secretária trouxe outra velha novidade.
Ela retornará o fluxo de atendimento adotado no governo Tião Viana, acabando com o atendimento ambulatorial no Huerb.
Esse atendimento foi um tiro nos pés do ex-secretário Alysson Bestene, pois trouxe para a unidade um problema que já havia sido superado.
Mônica Kanaan demonstrou desconhecer a realidade do Acre, quando disse que o SUS não funciona no Estado.
Se não funcionasse, a situação seria muito mais grave.
Cerca de 95% da população acreana recebe atendimento por meio do SUS. Esse percentual sobe para 99%, quando se trata de alta complexidade.
Contrariando a alguns críticos, Kanaan elogiou a estrutra da Saúde acreana.
“Aqui tem muitos aparelhos que não têm aí para fora. E estou impressionada com a quantidade de respiradores bons que tem aqui na UTI. Aqui tem muita coisa boa e vai ser aproveitado”, destacou.
A militarização da Saúde está sacramentada.
Os gestores, porém, devem ter claro que os profissionais não irão trabalhar por meio de ordem unida.
Também foi sacramentada a “desbestenização” do setor.
Sem querer ser ominoso, vai ser difícil esse arranjo militar na Saúde dar certo.
Foto: Hugo Costa.