por Carlos Madeiro
O Comando Militar da Amazônia, sediado em Manaus, cedeu o prédio para que manifestantes acampados na porta do quartel guardassem pertences e recebeu individualmente os integrantes do ato golpista, antes de a Polícia Militar cumprir a ordem do STF para pôr fim aos acampamentos de bolsonaristas radicais.
O relato consta em documentos da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e da Procuradoria-Geral do Estado enviados à casa Civil e ao Judiciário logo após o cumprimento da ação pela PM.
A retirada dos manifestantes ocorreu na segunda-feira (9), logo após a ordem do STF e da 1ª Vara Federal do Amazonas, que também determinou o fim do acampamento.
No documento, a Secretaria de Segurança afirmou que o Comando da Amazônia:
participou de duas reuniões do gabinete de crise;
disponibilizou, para quem solicitou, espaço para guarda temporária de material usado no manifesto;
realizou negociação de maneira individual e dentro do quartel (diferente do que foi tratado em reunião, quando seria em conjunto com a PM).
Em outra manifestação, a Procuradoria reforça o descumprimento e informa à 1ª Vara Federal que “não houve qualquer auxílio das Forças Armadas à Polícia Militar para cumprimento da missão”.
A Polícia Militar foi obrigada a atuar apenas com seus próprios recursos militares”.
Mateus Severiano da Costa, subprocurador
A coluna teve acesso aos documentos, que foram publicados inicialmente pelo jornal A Crítica, de Manaus.
As manifestações do estado levaram o Ministério Público Federal do Amazonas a enviar pedido ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, para que apure o descumprimento da ordem de encerramento de todos os atos golpistas pelo país.
Requer ao Juízo da 1ª Vara a comunicação, com urgência, ao Supremo Tribunal Federal, endereçada ao Exmo. Sr. Ministro Alexandre de Morais, do possível descumprimento das medidas determinadas na ADPF 519/DF por parte do Comando Militar da Amazônia”
A manifestação do MPF é assinada pela procuradora-regional dos Direitos do Cidadão em Exercício, Ana Carolina Haliuc Bragança.
Depois do cumprimento da decisão e desocupação na porta do Comando da Amazônia, a Secretaria da Segurança publicou nota em seu site informando que a ação na frente do quartel foi cumprida por cerca de 200 agentes de vários órgãos. A retirada, ressalta, foi feita sem a necessidade de uso da força. O local hoje está fechado para evitar novos atos.
A coluna mandou email e mensagem pelo whatsApp para os contatos da assessoria de imprensa do Comando da Amazônia ontem, mas não obteve resposta. O espaço está aberto para manifestação.