Tempo, tempo, tempo….
Como você passa rápido.
Há exatamente dois anos, no dia sete de outubro de dois mil e dezoito, a história do Acre deu uma guinada.
E foi pela soberana urna.
Pelo democrático voto popular.
A maioria da população acreditou nas promessas de mudança.
Logo no primeiro turno, o então senador da República Gladson Cameli liquidou a fatura.
Venceu o petista Marcus Alexandre e outros candidatos de menor expressão, tornando-se governador.
Muita gente amargou a viagem de balsa até Manacapuru, inclusive este que vos fala.
É uma viagem sofrida, principalmente quando não se tem o costume de matar pium e de ouvir o choro do surubim.
Tudo, porém, serve de aprendizado.
Mas é a democracia.
É a alternância necessária e revigorante do poder.
O povo elege.
O povo avalia.
O povo mantem ou tira.
Há dois anos Cameli derrotou a hegemonia de vinte anos do PT e enterrou a Frente Popular do Acre.
Para vencer, ele conseguiu o que parecia impossível: unir toda a oposição num mesmo balaio.
Por um bom período, os gatos ficaram acomodados sem se arranharem.
Mas balaio de gato é balaio de gato.
Cedo ou tarde os bichanos irão se estranhar.
Esses gatos contaram com a onda conservadora que tomou conta do Brasil, com o desgaste do governo e obtiveram uma vitória esmagadora.
Tiveram a ajuda do Judiciário em nível nacional, da criminalização da politica e de uma campanha midiática sem precedente contra os partidos de esquerda.
O resultado não poderia ser outro.
Os partidos que se alinharam a Gladson ganharam as duas vagas de senador, bem como a maioria na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.
Com maioria expressiva, o natural seria que a governabilidade fosse tranquila.
Mas tranquilidade é o que está longe.
O governador e os seus aliados nunca se entenderam.
Isso é fácil se explicar.
Primeiro, nunca foram uma aliança com projeto para o Estado.
Se juntaram com o objetivo comum de derrotar o PT, sem que houvesse um ideal maior.
Eram, portanto, um ajuntamento de interesses individuais.
Em segundo lugar, Gladson Cameli mostrou-se um governante incapaz de liderar, de apontar caminhos, de honrar com o que diz.
Como disse o hoje senador Marcio Bittar:
– Não é o candidato ideal, mas é o que temos.
O governo é um deserto de liderança e de projetos.
As eleições municipais, principalmente em Rio Branco, revelam que o governador não confia na turma que lhe elegeu.
Somente essa desconfiança para justificar o apoio que decidiu emprestar à prefeita Socorro Neri, que, em tese, foi sua adversaria há dois anos.
Socorro Neri diz que a junção dos dois são os propósitos.
Mas que propósitos são esses, minha gente?
Gladson Cameli também se elegeu governador prometendo muito.
Dizia que dinheiro tinha, mas faltava gestão.
Prometeu abrir o Acre para o desenvolvimento.
Jurou que teríamos uma economia pujante.
Que não iria perseguir ninguém.
Gladson afirmou que iria nomear a pessoas certas para os lugares certos, que contaria com o apoio de um especialista para cuidar da Segurança Pública.
E o que vemos agora?
O que vemos é um governo e um governante sem rumo.
Um governo que o próprio vice-governador levanta suspeitas de uso irregular do recurso público.
Um governo que contou com a pandemia da Covid-19 para esconder as suas fragilidades.
Para as eleições municipais deste ano, o governador surge com novas promessas para tentar vitaminar as candidaturas a que apoia.
São só promessas.
Promessas essas que servem muito mais para a sua candidatura à reeleição, haja vista que nada será iniciado agora.
A maioria do prometido nem licitado foi.
Sabe-se lá quando será…
Na verdade, não há nem recurso assegurado.
O que se percebe é que Gladson aumenta o repertório de promessas, quando não honrou nem a ínfima parte do que prometeu há dois anos.
Tem quem continue acreditando.
Ou finge acreditar.
Mas, o governador demonstra ser daqueles que não gosta nem de pagar promessa a santo.
Enquanto ele vai prometendo, o povo fica à espera de um milagre.
E assim se passaram dois anos…