José Luiz Tchê (PDT) está inovando na maneira de ser líder de um governo no Parlamento.
Nunca na história houve alguém que exercesse a liderança como o gaúcho.
Ele faz uso de métodos pouco ortodoxos e de risco.
Vejamos dois pontos diferenciais.
O primeiro diferencial é que não tem melindre para expor o próprio governo. Cumpre, nesse quesito, papel melhor do que a oposição.
Cabe lembrar que foi eleito numa coligação adversária, que o seu partido, o PDT, tinha o candidato a vice-governador na chapa do petista Marcus Alexandre.
Mas voltando ao modo Tchê de liderar.
Nesta semana, o deputado externou uma crise, dizendo que não é “bombeiro” para viver apagando incêndios.
O fato foi amplamente noticiado.
A segunda marca de Tchê é que não tem pudor para expor os liderados. Fez isso quando declarou que a bancada de apoio estaria fragmentada por falta de cargo.
Ou seja: o preço do voto são as publicações de nomeações no Diário Oficial.
Essa fragmentação, que foi desmentida pelo líder anterior, Gehlen Diniz, seria porque indicados pelos deputados teriam sido “decapitados” pelo chefe da Casa Civil, Ribamar Trindade.
Quando deixa a prática dos liderados despida, Tchê revela como a política do toma lá dá cá se faz presente no governo Gladson Cameli.
Durante entrevista a um site local, o líder se comparou a uma mãe, que cuida primeiro dos seus filhos para depois cuidar de si.
A metáfora significa que, nas suas palavras, vai lutar para acomodar os indicados pelos demais deputados. As acomodações dos seus seriam depois.
Não é de hoje que ele fala sobre a importância da caneta governamental.
Antes de aceitar ser líder, o pedetista declarou que era impossível governar com 900 cargos.
Foi atendido.
Na reforma administrativa aprovada pelos deputados, Gladson Cameli passou a ter o direito de nomear 1.350 CEC na administração direta.
Há outras dezenas nas empresas, fundações e autarquias.
Essa reforma foi aprovada sob o argumento de que o governo precisa nomear técnicos. As tais pessoas certas para o lugar certo.
Não é isso o está acontecendo.
Parece que o reforço de cargos deixou o governador ainda mais vulnerável.
Experiente na política, Tchê sabe que essa é uma arte que o conversado em gabinete só vem a público quando combinado.
Também conhece as fragilidades do governo e do governador.
Mas, por mais frágil que seja, é impossível acreditar que houve combinação para expor o governo e o preço em cargos dos deputados.
Mas tudo é possível…
Foto: Sérgio Vale.