Entregue aos cuidados do vice-governador Wherles Rocha (PSDB), a equipe da Segurança Pública foi a última a ser anunciada.
O anúncio daqueles escolhidos a dedo veio pouco antes do Natal.
Mas, o que começa errado, tem tudo para terminar errado.
E os erros são gritantes.
Após a eleição, para querer dar uma grife ao governo, o tucano anunciou o procurador de justiça João Pires como secretário de Segurança Pública.
Anunciado, o procurador declinou do convite e deixou o vice-governador com o pires na mão.
Talvez Pires já previsse o fracasso. Possivelmente soubesse que os reais interesses estavam longe de ser o de cuidar da segurança da população.
Sem a primeira opção, Rocha foi buscar outros nomes.
Garimpou e montou a equipe com alguns dos seus esbirros em funções estratégicas.
Trouxe da reserva o coronel Paulo César Santos para comandar a secretaria.
Paulo César sempre foi apontado como excelente policial.
Chamou o também coronel Mário Cézar Freitas para ser o comandante da Polícia Militar.
Foi dele o convite para o delegado Rêmulo Diniz responder pela Secretaria de Polícia Civil.
Empolgado, Paulo César chegou a declarar que resolveria todos os problemas da Segurança Pública em 10 dias.
Não resolveu.
O César com S e o Cézar com Z não se entenderam. Discordavam em quase tudo.
Os 10 dias prometidos se esvaíram rápidos como um tiro.
A violência continua.
Um problema grave como esse não será resolvido a curto prazo.
As organizações criminosas estenderam os seus tentáculos nas profundezas do Brasil.
Se o governo federal não fizer a sua parte em relação ao controle das fronteiras, as forças de segurança continuarão enxugando gelo.
Nesse terreno pantanoso da política tanto o comandante da Polícia Militar quanto o secretário de Polícia Civil cometeram o erro de pensar mais em polícia do que nas urnas.
Por isso, foram convidados a deixar os cargos.
Semana passada, as associações dos militares foram até o governador em exercício, coincidentemente Wherles Rocha, pedir a exoneração do coronel Mário Cézar.
O movimento foi puxado por Joelson Dias, homem de confiança de Rocha, diretor da Secretaria de Segurança Pública e presidente da Associação dos Militares.
Isso, por si só, deixa cristalino o possível jogo combinado.
As medidas firmes e corretas tomadas por Mário Cézar teriam desagradado alguns segmentos que têm voto dentro da corporação.
E voto é mercadoria valiosa. Para alguns, vale mais do que vidas humanas.