HomeOpiniãoSe ficar o vírus pega e se não correr o vice come.

Se ficar o vírus pega e se não correr o vice come.

Por André Kamai*

Depois de uma longa quarentena, resolvi palpitar sobre o ambiente político do Acre em meio a essa pandemia. Não farei nenhuma análise, pelo menos agora. Mas destaco um alerta.

Tenho inúmeras diferenças políticas com o governador Gladson Cameli. Mas, mesmo diante do dilema dos motéis (fecha, abre, fecha) é necessário reconhecer o grande esforço que ele tem feito para superar as próprias limitações, como líder e gestor, no intuito de dar respostas à crise do coronavírus no Acre.

Desde que o primeiro caso foi diagnosticado, Gladson tem se mantido na direção correta, a de preservar vidas, mesmo que faça isso improvisando.

É público o fato de que mesmo tomando conhecimento da pandemia no Brasil, nos primeiros meses do ano, o governo do Estado não tenha se antecipado e adotado medidas preventivas, necessárias para reduzir os impactos. Agora, é correr atrás do prejuízo. Nessa corrida estamos todos, ou quase todos, juntos.

O coronavírus não é o único que tem dado uns bons dribles no governador Gladson Cameli. Aproveitando que todo o governo ou pelo menos o núcleo central está totalmente voltado a situação em voga, o vice-governador, o especialista major Rocha, intensificou sua agenda de visitas aos municípios do Acre, com a finalidade de consolidar as articulações e alianças políticas para 2020.

E o vírus? Nós que lutemos! Rocha está preocupado mesmo é em garantir seu futuro político.

Enquanto ficamos todos em casa, ele usa a máquina do estado, veículos, combustível, passagens e diárias para tentar contaminar os políticos do interior com a lógica bolsonarista de que “temos que enfrentar o vírus e não nos escondermos dele”.

O semblante abatido do governador Gladson, a cada pronunciamento, em suas redes sociais é absolutamente destoante do sorriso largo de Rocha ao abraçar entusiasmado os pré-candidatos, em cada nova aliança que consolida.

Na última terça-feira, 31, o articulado vice-governador aparece abraçadinho com o MDB de Cruzeiro do Sul, onde garantiu que o PSDB indicará o vice na chapa de Fagner Sales, filho do ex prefeito Vagner Sales.

Ontem, 1º de abril, Rocha se reuniu com o ex-prefeito de Tarauacá, o então ex-petista Rodrigo Damasceno, e juntos definiram a aliança que visa a eleição de Rodrigo pelo PSDB.

Enquanto isso, o Acre já registra quase 50 casos de infecção do novo coronavírus, sendo em termos proporcionais o segundo estado com mais casos no Brasil. E ainda não chegamos na fase mais crítica dessa pandemia.

Nosso sistema de saúde, incluindo aí a rede privada, dispõe de cerca de aproximadamente 90 leitos de UTI somente.

Destes, 90% já estão ocupados e existem apenas uns 10 respiradores fora das UTIs, quando seriam necessários mais uns 150 leitos de UTI e uma grande quantidade de novos respiradores, segundo alguns médicos com quem conversei.

Temos ainda um déficit enorme de testes para detectar o coronavírus nos pacientes que procuram a rede pública.

Além disso, há os impactos no comércio e na atividade de prestadores de serviço, por conta da necessidade do isolamento social para conter a expansão da pandemia, o que vai afetar duramente a economia.

Nunca o estado organizado, forte e unido foi tão necessário. Pena que esta não é a nossa realidade!

Com tudo isso, só me resta dizer duas coisas ao governador Gladson Cameli: obrigado por, mesmo que tardiamente e por força de uma crise, ter começado a governar, desejo que se encontre e acerte. E por fim, ”abra do olho” que o especialista tá que tá.

*André Kamai é Sociólogo, cientista politico
e palpiteiro em quarentena.

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