Semana passada, o governador Gladson Cameli (Progressistas) resolveu trocar a direção da Polícia Civil (PC).
Exonerou o delegado Josemar Portes e nomeou o também delegado Henrique Maciel.
No dia da troca era o aniversário de Portes.
O Diário Oficial do Estado atrasou porque alguém de confiança de Cameli foi até o aniversariante entregar o “presente”.
Nada acontece por acaso.
Dois dias antes, o governador foi ao Tribunal de Justiça, onde teve uma reunião com desembargadores sem qualquer registro público.
O que teriam conversado mesmo, hein?
Analisando o desempenho, não havia qualquer motivo para que Portes fosse exonerado, dando lugar Maciel, que havia sido tirado do cargo há cerca de um ano.
Só que nem tudo é o que parece ser.
Josemar Portes deixou a função, mas o alvo está longe de ser ele.
Não é preciso ser muito inteligente para concluir que os verdadeiros alvos estão na Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), em particular o delegado Pedro Resende.
Há em curso diversas investigações na Deccor, envolvendo membros do governo, empresários e autoridades de outros poderes.
O Espinhoso tem conhecimento de vários inquéritos, mas não foi autorizado a divulgar, até porque não sabe nenhum detalhe.
Ficaria mal para o governador exigir que os delegados da especializada fossem sumariamente afastados.
É melhor passar a bola para outro.
Se resolver fazer algo nesse rumo, Henrique Maciel apenas fará uma remanejamento administrativo, sem desgaste para o chefe.
Dias antes de Gladson Cameli tomar a decisão de trocar a direção da PC, delegados da Deccor foram acusados de serem corruptos.
Há previsão de que novos fatos venham a público nos próximos dias.
A guerra está apenas começando. Dificilmente os delegados deixarão a Deccor sem trazer a público as suas versões.
Enquanto isso, Gladson Cameli está em campanha aberta para a reeleição.
Embora seja investigado sob a acusação de ser chefe de uma organização criminosa que desviou R$ 828 milhões do erário, o governador não deseja novas operações de combate à corrupção até as eleições.
Agora, o paradoxal de tudo é que Cameli sempre se jactou de ter criado a Deccor. Por isso, vai a pergunta: será que ficaria bem colocar nos delegados que investigam corrupção a pecha de corruptos?
Esperemos os próximos passos.