Adiantou pouco José Bestene usar o seu exército de apoiadores nas redes sociais para lhe defender. Foi de pouca valia, também, o seu esforço para tentar explicar o inexplicável.
Palavras ditas não têm volta.
Por telefone, Bestene mandou um militante descer o sarrafo em Gladson Cameli nas redes. Esse é um fato concreto.
Enquanto Bestene e o seu exército entraram no campo da batalha, Cameli ficou mudo. O silêncio é uma arma cruel nessas horas. É como um soco nocauteador.
É consenso no meio do governo que as palavras do sexagenário serviram para implantar o vírus da suspeita no coração de Cameli.
Para reavivar velhas lembranças.
Segundo uma fonte palaciana, não é de hoje que a família Cameli carrega suspeita acerca do comportamento de José Bestene.
Remonta há mais de 20 anos, quando o deputado foi um dos pivôs da não candidatura de Orleir Cameli à reeleição.
Nas eleições de 1998, Bestene sonhava em ser candidato a governador com o apoio do Palácio Rio Branco. Como não foi, preferiu apoiar os petistas Jorge Viana, para o governo, e Tião Viana, para o Senado.
O apoio aos petistas lhe rendeu cargos no primeiro escalão e o aluguel de imóvel, durante anos, para a prefeitura comandada pelo petista Raimundo Angelim.
De volta ao picadeiro da política, o velho deputado tenta protagonizar. Mas ao contrário do que todos imaginam, não foi dele a indicação do sobrinho Alysson Bestene para comandar a Secretaria de Estado de Saúde.
A escolha do sobrinho foi do próprio Cameli, justamente para pôr uma trava nas pretensões do parlamentar.
O jogo está começando.
Muita gente ainda vai descer o sarrafo.
Do jeito que vai, não demorará muito para do pescoço para baixo, virar canela.
Por fim, vale lembrar que Bestene declarou que sempre será contrário à nomeação de petistas para o governo. Ai fica a pergunta: por que ficou em silêncio com a nomeação do ex-deputado Ney Amorim para ocupar uma secretaria?