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O HAITI É AQUI


Por Cesário Campelo Braga

A música de Caetano Veloso e Gilberto Gil que traz uma reflexão sobre as questões sociais vividas no Brasil como pobreza, racismo e violência estrutural, ambientada em Salvador e que faz alusão a situação do Haiti, escrita em 1993, pode facilmente explicar a crise migratória que vivemos na fronteira entre o Brasil e Peru, na pacata cidade de Assis Brasil no interior do Acre.

Afirmo, com o olhar de quem visitou na semana passada o acampamento de imigrantes na Ponte da Integração Brasil/Peru em Assis Brasil, Acre na tentativa de compreender a realidade e quais os motivos que trouxeram para o Acre um dos grandes problemas da humanidade, a crise migratória.

Lá estão centenas de estrangeiros, em sua maior parte haitianos e africanos que estão tentando sair do Brasil e que devido ao fechamento das fronteiras, em decorrência do coronavírus, estão impedidos de buscar novas oportunidades para as suas vidas.

Um olhar mais atento e a possibilidade de conversar com aquelas famílias que ali estão, nos fazem perceber que para além das instalações insalubres e da ausência de responsabilidade do governo federal e estadual que pouco tem ajudado e que tem jogado toda a responsabilidade na prefeitura de Assis Brasil, a motivação desse movimento migratório é uma crise econômica aguda no Brasil.

Com a ampliação do desemprego a carestia dos alimentos e combustíveis a multiplicação do número de miseráveis e um ambiente aonde voltamos a conviver com a fome, nosso país deixou de ser um atrativo para esses imigrantes que começam a olhar para outros países da América com esperança e expectativas de oportunidade.

Vale lembrar, que o Brasil a pouco tempo foi um atrativo. Uma grande parcela desses imigrantes veio para cá em meados de 2012 quando começaram a buscar um lugar melhor para viver após o grande terremoto que devastou as cidades e a frágil economia do Haiti em 2010.

Logo, mais do que um problema na fronteira que deve ser solucionado pela mediação das embaixadas brasileiras e peruanas. O debate central é como fazer com que o Brasil volte a ser o país da esperança e oportunidades, pois caso essa realidade econômica permaneça, daqui alguns dias teremos mais imigrantes e até brasileiros acampados naquela ponte, querendo buscar dias melhores em outros países.

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