Desde a semana passada, muito se tem falado sobre uma suposta crise entre o governador Gladson Cameli e a deputada federal Mara Rocha (PSDB).
O enredo ganha novos episódios a cada dia e parece caminhar para um desfecho imprevisível.
Irmão da parlamentar, o vice-governador Wherles Rocha emitiu notas querendo pôr panos quentes, jogar água na fervura, mas não conseguiu.
Rocha, o vice, pode até ter voz de comando com alguns militares que agem como seus esbirros, mas demonstra poder reduzido na esfera familiar.
Ontem, o seu irmão Pang trouxe às redes sociais um vídeo onde tacha Cameli de menino mimado e buchudo.
Hoje foi a vez de Mara Rocha, que também não poupou o governador de adjetivos pouco elogiáveis.
Nessa muvuca toda, no entanto, estão esquecendo de tocar no ponto central, no motivo principal da quizília: a falta de palavra do governador.
Tardiamente, Mara Rocha descobriu que a palavra de Cameli, como escreveu um jornalista local, é um “risco n’água”.
Mara Rocha fez essa descoberta porque Cameli lhe assegurou que apearia o empresário de cemitério Paulo Wadt do comando da Secretaria de Pecuária e Agronegócio (Sepa) e não o fez.
Esse é o busílis da questão.
Ora, a deputada há de convir que atentou para a falta de palavra do seu aliado muito tarde.
Fica parecendo que, como pretende alçar voos mais altos, tenta se descolar de um governo e um governador que patinam, que vêem a popularidade derreter como gelo no sol.
Essa é uma possibilidade real.
Afinal, cumprir com o que fala está longe de ser a principal virtude do rapaz eleito para governar o Estado.
Basta fazer uma busca rápida na memória para comprovar que não fez nada, ou quase nada, do que prometeu.
Trata-se um rapaz que não lembra na hora do meio-dia o que disse no momento do lanche das nove.
Palavra na política é algo sagrado.
É mais ou menos como o fio do bigode nas gerações passadas.
Gladson Cameli, porém, vem mentindo e deixando de cumprir a palavra de cara lisa mesmo.
Até a irmã do vice-governador percebeu que Gepeto não teria criação melhor.