Grupos usaram acusações de fraudes nas urnas, mudança de votos no meio da apuração e ataques de hackers para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. O atraso na divulgação dos resultados no último domingo (15) também ajudou a alimentar uma série de fake news que tinham como alvo a Justiça Eleitoral.
Estimulados por discursos como o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que colocou em xeque a lisura das eleições de 2018, usaram a lentidão no sistema como a “prova cabal” de que as urnas eletrônicas não são confiáveis e que as eleições foram fraudadas..
Ações como estas corroem a democracia, em especial quando são potencializadas por líderes políticos, afirma especialista ouvido pelo UOL.
São Paulo travada em 0,39%
Teorias da conspiração giraram em torno do atraso na divulgação dos resultados.
Mesmo grandes colégios eleitorais, como São Paulo, foram afetados. De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a causa foi uma falha no sistema responsável por totalizar os votos em Brasília.
Também diz que a demora foi apenas na divulgação dos números, sem interferir na contagem.
Ainda assim, diversas correntes nas redes sociais falaram que a apuração em São Paulo, que ficou parada por quase cinco horas em 0,39% do total, era uma prova de que o sistema tinha sido fraudado.
Mas isso não é possível por um motivo simples: os votos são registrados assim que as urnas fecham e não podem ser alterados.
Ao final da votação, cada urna imprime um boletim com 100% dos votos registrados nela. Não há como alterá-lo. Cópias deste documento são autenticadas e entregues à Justiça Eleitoral e ao MPE (Ministério Público Eleitoral). Depois, também ficam disponíveis online.
Qualquer candidato, partido ou membro da sociedade civil pode fazer uma contagem paralela e verificar a votação de uma pessoa ou partido específico. O site mostra ainda o horário de fechamento das urnas —sempre pouco depois das 17h— quando os votos são consolidados. Ou seja, durante a apuração não é possível acrescentar ou tirar votos de candidatos.
Para acabar com os boatos, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) divulgou gráficos que mostram a estabilidade de todo o processo de apuração dos votos no estado —o que comprova que o problema foi de divulgação, e não na contagem dos votos.
Urnas não ficam conectadas a uma rede
Outro acontecimento que ajudou a aumentar as fake news foi o ataque hacker sofrido pelo sistema do TSE na manhã da eleição. A Polícia Federal concluiu que dados de 2020 do tribunal foram furtados. Isso seria mais uma fraude nas eleições.
Mas não é verdadeira. Diferentemente do sistema interno do TSE, as urnas eletrônicas não podem ser invadidas remotamente porque não estão conectadas a uma rede, funcionam como dispositivos isolados.
Para invadir uma urna, o criminoso teria de ter acesso a ela fisicamente e efetuar a fraude urna a urna. Segundo o TSE, os aparelhos não são equipados com o hardware necessário para se conectar a uma rede de internet, com ou sem fio.
“O sistema operacional Linux contido na urna é preparado pela Justiça Eleitoral de forma a não incluir nenhum mecanismo de software que permita a conexão com redes ou o acesso remoto”, explica analista do TSE Bruno Coimbra, mestre em ciência da computação.
Veja a matéria completa aqui.
Deixe um comentário