A semana promete.
O governo deve aprovar, com facilidade, a reforma administrativa enviada à Assembleia Legislativa (Aleac).
Mas esse é um projeto que precisa ser mais bem explicado à sociedade.
Gladson Cameli se elegeu batendo duro nas nomeações para cargos na administração pública.
Chegou a declarar que optaria por não nomear ninguém para prestigiar a quem fez concurso público.
Acomodado na cadeira de governador, o rapaz mudou de postura.
Já deve ter esgotado a tinta de inúmeras canetas nomeando os seus apaniguados e parentes, muitos que nunca compareceram para labutar.
O governo que tanto Cameli criticou tinha previsão em lei para nomear 1.100 CEC’s, com limite de custo mensal de R$ 3,8 milhões.
O Projeto de Lei Complementar enviado por Cameli cria 1.350 CEC’s e vai gastar R$ 3.965.600,00.
Essa diferença já demonstra o descompasso entre a teoria e a prática. O que é ter uma palavra como um risco n’água.
Esses cargos são os visíveis, na administração direta. Há outro festival na administração indireta, que escapa aos olhos dos menos atentos.
Somente nas chamadas falidas, como Sanacre, Acredata e Cageacre foi colocado no trilho um verdadeiro trem da alegria. Mais de 100 cargos sem precisar da aprovação da Assembleia Legislativa.
Veja aqui http://portaldorosas.com.br/falidas-em-festa-governo-cria-mais-de-100-cargos-em-estatais-marcadas-para-morrer/
O governo Cameli nunca se empenhou em economizar cargos. Tudo sempre foi um engodo.
Basta verificar a quantidade de chefias de departamentos e diretorias inexistentes no governo passado, que foram criados a partir de janeiro deste ano.
Verificar a tabela de remunerações, por exemplo das chefias de gabinetes do governador, do vice-governador e da Representação em Brasília, para desmontar a peça de ficção.
Mas Cameli deve aprovar o projeto.Tem maioria. Os deputados têm interesses.
O governador, que se elegeu criticando a quantidade de cargos existentes na administração passada, vai ultrapassar a quantidade de CEC’s prevista para a administração direta no governo Tião Viana.
A oposição, porém, tem o dever de esticar o debate. De desmascarar a farsa, de eviscerar o real objetivo dessa reforma que deforma.
Aprofundar o debate é fundamental para enterrar discurso fácil de crise.
Com a criação de inúmeros cargos, o argumento de terra arrasada se esvai.
É mais uma demonstração de que Cameli desconhecia a máquina pública, ao bradar aos quatro cantos que o problema do Acre seria falta de “gestão”.
O Acre, desde janeiro, está sentindo a falta de rumo.
A maioria dos cargos existentes foi preenchida por parentes de aliados e até do próprio governador, que admitiu casos de nepotismo.
Com os novos cargos haverá novas acomodações de insatisfeitos.
Mas uma máquina administrativa não funciona apenas com a caneta para nomear e exonerar.
É preciso liderança, planejamento e capacidade de execução. Isso o governador e o seu governo demonstraram não ter.
Mas a semana promete.
É bom acompanhar de perto os debates.
Deixe um comentário