Fim do Fundo Amazônia atingirá gravemente milhares de famílias acreanas; governo não pode assistir de braços cruzados

Longe das brenhas do Acre, em escritórios com ar-condicionado e muita mordomia, está prestes a ser tomada uma decisão que afetará, diretamente, cerca de 20 mil famílias acreanas.

A atitude destrambelhada do governo federal, personificado no ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, irá atingir aos seringueiros, ribeirinhos e os pequenos produtores rurais.

O governo Jair Bolsonaro mostra, a todo momento, o descompromisso com uma política ambiental séria.

Por isso, foi dar pitaco e quer mudar as regras do Fundo Amazônia.

A proposta do governo é passar a usar o dinheiro para indenizar proprietários rurais em unidades de conservação.

Bolsonaro e o seu ministro querem modificar a representação no conselho responsável pela definição da aplicação das verbas e chegou a extinguir o colegiado que coordenava a distribuição sem avisar aos parceiros europeus.

A reação foi imediata.

Alemanha e Noruega, que são países financiadores, já admitem pôr fim ao Fundo.

Essa intenção foi comunicada a Salles, na quarta-feira, pelos embaixadores dos dois países.

O Fundo Amazônia foi criado em 2008. É administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Para ser ter ideia da perda, somente o governo norueguês já repassou ao Brasil mais de R$ 3 bilhões.

A Alemanha foi mais modesta. Investiu cerca de R$ 190 milhões, mas tem previsto o envio de outros R$ 150 milhões, que foram suspensos.

Ao longo dos anos, o dinheiro do Fundo Amazônia tem sido fundamental para a conservação da floresta, contribuindo diretamente para o fortalecimento e a consolidação da política de desenvolvimento sustentável.

No Acre, houve uma redução de 66% na taxa de desmatamento ilegal. Foram feitos investimentos produtivos nas comunidades mais carentes e necessitadas do Estado, gerando cidadania.

O Estado do Acre será duramente atingido com a decisão da Noruega e da Alemanha.

Há muito dinheiro em jogo.

Somente do banco alemão KFW, o governador Tião Viana, durante a COP 23, assinou contrato de 30 milhões de euros. Foram repassados R$ 50 milhões para os cofres estaduais.

A administração Gladson Cameli teve que ressuscitar o Instituto de Mudanças Climáticas para poder acessar o dinheiro.

Aliados do presidente da República, em vez de ficarem falado sobre o que não dominam, como o senador Marcio Bittar, deveriam trabalhar para a manutenção do Fundo Amazônia.

Um estado pobre como o nosso não pode abrir mão de uma ajuda tão valiosa.


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