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ESQUEMÃO AZUL: Gladson usa feriados e pontos facultativos para dificultar investigação da Polícia Federal

Há indícios de que o governador sabia das operações e por isso mandou fechar órgãos públicos

Por Leonildo Rosas e Fábio Pontes

Esta semana, o Portal do Rosas e o Blog do Fábio Pontes iniciaram uma série de matéria para destrinchar o processo que levou a Polícia Federal a deflagrar a Operação Ptolomeu, com vistas à desbaratar um esquema de corrupção dentro do governo do Estado.

O governador Gladson Cameli é o alvo central da investigação, que envolve boa parte da sua família e seu assessores.

Inicialmente, demos à série o nome de “Ptolomeu Papers”, mas diante de comentários e pedidos, resolvemos mudar.

A partir de hoje, a série irá se chamar de “Esquemão azul”, pois, diante do vasto material disponível, está claro que a corrupção passou a ter cor.

Vamos ao segundo capítulo.

O governador Gladson Cameli resolveu fazer o uso de feriados e pontos facultativos para impedir que a Polícia Federal aprofunde as investigações nos órgãos do governo para apurar as irregularidades.

Desde sexta-feira, as repartições públicas estão fechadas.

Essa estratégia foi detectada no inquérito que deu azo à Operação Ptolomeu.

Segundo as investigações, há indícios de que houve vazamento das operações policiais, quando foram deflagradas as Operações Dose de Valores e Off-Label.

No dia 3 de junho do ano passado, o governador do Estado levou ao Diário Oficial o decreto de ponto facultativo, justamente no dia em que foi deflagrada a Operação Off-Label, sob o pretexto de prevenir o contágio da Covid-19.

A folga aos servidores com pretexto de enfrentamento à pandemia se deu justamente na data prevista para a operação policial.

Segundo a PF, tal estratégia atrapalhou o trabalho de coleta de provas nas repartições públicas alvos da investigação, e pode até contribuído para a destruição das mesmas.

Isso porque os órgãos estaduais na busca e apreensão estavam fechados e sem servidores para auxiliar com informações no cumprimento do mandado, bem como inviabilizou a apreensão de aparelhos telefônicos de servidores investigados.

A mesma estratégia foi adotada no dia 5 de maio de 2020, quando ocorreu a Dose de Valores.

A artimanha ficou ainda mais explícita porque, no dia 16 de junho, apenas cinco dias depois, Cameli determinou a reabertura do comércio no Acre, quando a proliferação do novo coronavírus ainda estava em seu auge.

Na avaliação da Polícia Federal, a medida adotada pelo governador soa como incongruente, sendo possível cogitar que ele sabia da ação policial e decretou o ponto facultativo para dificultar o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, com propósito de proteger a si e seus subordinados e comparsas.

Segundo a denúncia formalizada ao Superior Tribunal de Justiça, a hipótese investigativa é a de que Gladson Cameli tenha tomado conhecimento da operação ocorrida em 5 de junho de 2020, conforme indícios concretos de vazamento, pelo que, com o suposto escopo de embaraçar investigação de organização criminosa, decretou o ponto facultativo no Estado na mesma data em questão.

Gladson Cameli, caso seja comprovado o vazamento, pode responder por crimes previstos na legislação, como o de obstrução à Justiça; Na semana passada, sua chefe de gabinete, Rosângela de Gama Pequeno, foi presa pela PF pelo mesmo crime, quando escondeu dos policiais federais um de seus celulares que seriam apreendidos para perícia.

Recentemente, durante sessão solene na Assembleia Legislativa, Cameli revelou ter conhecimento prévio da Operação Ptolomeu. Veja aqui.

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