O objetivo era atingir o candidato do PT ao governo do Estado. Afinal, Marcus Alexandre havia sido diretor-presidente do Departamento de Estradas e Rodagem (Deracre).
Também havia interesse em vitaminar a candidatura do principal adversário do petista, o então senador Gladson Cameli.
A ordem dentro da Superintendência do Dnit era colocar os processos das obras da BR-364 para andar.
Se voassem, seria ainda mais conveniente.
Politizaram o tema, mas esqueceram que o buraco era mais embaixo.
O superintendente do órgão era o atual secretário de Infraestrutura, Thiago Caetano, apadrinhado de Cameli.
Coincidência ou não, no período eleitoral, com Caetano no comando, foram incentivadas várias tomadas de contas especiais contra o Estado.
E os processos seguiram a estrada. Voaram.
Mas tudo que vai, volta.
É como bumerangue.
Aquilo que foi supostamente incentivado pelo midiático secretário, segundo um servidor do órgão, retornou a jato.
Esse retorno veio com a cobrança de uma fatura alta.
Foi o que se pode chamar de tiro no pé. Ou no bolso.
Quando supostamente quis prejudicar ao candidato petista, o servidor do Dnit esqueceu que as empresas da família do seu atual chefe foram as que mais atuaram na BR-364.
Do mais de R$ 1,6 bilhão do custo total da obra, até 2014, as empresas Colorado e Etam faturaram cerca de 20%.
Trabalharam correto. Até o próprio governador foi engenheiro responsável de um dos trechos.
Só que agente fiscalizador procura defeito.
Passa longe de ver as qualidades e as dificuldades.
Todas as empresas que trabalharam na rodovia estão sendo acionadas para se explicarem sobre as obras.
Os gestores do Deracre também.
As duas empresas do clã Cameli estão no pacote.
A cobrança é milionária.
Pelos valores corrigidos até outubro de 2018, coincidentemente o mês da eleição, as empresas Etam e Colorado teriam que devolver R$ 158 milhões.
São R$ 73 milhões para a Etam, empresa do pai do governador.
Outros R$ 85 milhões estão sendo cobrados da Colorado, empresa dos herdeiros do ex-governador Orleir Cameli.
As defesas terão que ser bem feitas, para o prejuízo ser menor.
Mas a dor de cabeça é pantagruélica.
Há quem culpe o inteligente que pôs foguete nos ritos processuais.
Política não é para amador.
É preciso medir os passos.
O Portal do Rosas foi informado de que o governador vai procurar uma solução política, mas não serão fácil.
Ontem ele estava pelo Dnit.
O engenheiro sem obra não ficará bem na família, se o pai do rapaz confirmar que ele tem culpa no cartório.
R$ 158 milhões até que é um dinheiro bom para ganhar.
É péssimo perder por cálculo político errado.