Ao longo da vida, este Espinhoso tem adotado como via de regra não envolver questões familiares nos comentários e observações políticas.
Adoto essa postura porque sei o quanto é doloroso um ataque contra quem, na maioria das vezes, nada tem a ver com a situação.
O critério é mais rigoroso quando envolve pai e mãe, que são figuras quase sagradas para os seus filhos.
Só que há situações que ficam difíceis não meter o bedelho.
Uma dessas situações envolve a declaração da mãe do governador Gladson Cameli, a senhora Linda Cameli, que ganhou repercussão na imprensa acreana.
A genitora daquele que fora chamado pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de principal organizador e regente de uma organização criminosa, foi às suas redes sociais dizer que “a política do Acre é suja e que querem tomar o governo” do seu filho.
Linda Cameli disse mais: “Todos sabem o que estão querendo com essa operação e quem são os autores”.
Bem, eu acompanho a politica há muitos anos e, até onde eu sei, a autora da operação foi a Polícia Federal, uma das instituições consideradas mais sérias do Brasil.
Para não confrontar com a PF, a mulher acusou adversários de querer tomar o governo do seu rebento a qualquer jeito, o que não é verdade.
Amor de mãe muitas vezes cega.
Não faz muito tempo que a senhora Cameli usou as mesmas redes sociais para declarar que o seu filho não teria apoio dela nem do seu esposo, o empresário Eládio Cameli, para a reeleição.
De repente, houve uma mudança de plano.
Sinceramente, é plenamente compreensível a postura da genitora.
Faz muito tempo que ela é praticamente a única pessoa que costuma vir a público defender ao seu filho, haja vista que a maioria dos aliados faz a opção da avestruz.
Mas não pode haver cegueira.
Quem construiu a situação foi o seu próprio filho, que não precisou de ajuda de adversários para se comprometer com a Justiça.
Gladson, quando teve oportunidade de falar, em nível nacional, sobre o crescimento em mais de 100% do seu patrimônio, veio com a desculpa esfarrapada de que isso aconteceu em razão da inflação.
Não foram os adversários que puseram, na madrugada do dia 16 de outubro do ano passado, a Polícia Federal dentro do luxuoso apartamento de Eládio e Linda Cameli, em condomínio nobre de Manaus, capital do Amazonas.
Se sabe quem está orquestrando tudo, a senhora Cameli tem o dever de tornar público, para que a sociedade saiba que há uma trama com a intuito de prejudicar o seu filho.
O problema é que há robusteza nas investigações da Polícia Federal. Se não houvesse, os ministros teriam acatado os recursos impetrados com a finalidade de anular o que fora investigado.
Eu entendo a postura da genitora. Afinal, nenhuma mãe ficaria satisfeita em ver a situação em que o seu filho se meteu.
Mas é aconselhável que haja mais controle emocional. No início do governo, em ela fez postagem dizendo que a vida é feita de obstáculos, orientado aos seus seguidores pularem todos ou escolherem um que fizesse a pessoa feliz.
A postagem foi retirada.
A imagem é melhor não publicar.
Fiz o texto respeitoso porque entende a situação da dona Linda. Ele tem dois filhos e o marido encalacrado com a Justiça.
Desabafar faz bem.
Mas, como coração de mãe não se engana, ele deveria apresentar ao público os nomes das pessoas que, na sua opinião, estão por trás do processo contra o seu amado filho.