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UMA PROVA DE AMOR AO SEU BEBÊ: DIGA NÃO AO ÁLCOOL NA GRAVIDEZ

O dia 09 de setembro foi instituído pela OMS como o dia mundial para conscientização e prevenção da Síndrome Alcóolica Fetal – SAF, problema que acomete cerca de 3 a cada 1.000 nascidos vivos no mundo inteiro.

A SAF é uma doença congênita provocada pelo consumo de bebidas alcóolicas na gravidez e a principal causa de retardo mental e de anomalias congênitas não hereditárias em crianças. E o mais preocupante, desconhecida pela maioria da população, e mesmo por profissionais da área da saúde, o que tem sido constatado em estudos realizados em alguns países do mundo, dentre os quais a Alemanha e os Estados Unidos da América.

Por essa razão, a SAF representa grande problema de saúde pública

No ano de 2017 teve início, no Acre, a campanha de Sensibilização sobre a Síndrome Alcoólica Fetal, que tem contado com a parceria de importantes instituições como o Conselho Regional de Medicina – CRM AC, a Sociedade Acreana de Pediatria – SAP, o Ministério Público do Estado do Acre – MPAC, a Liga Acadêmica de Pediatria – LAPED, a Prefeitura Municipal de Rio Branco, a Prefeitura Municipal de Cruzeiro do Sul e a Universidade Federal do Acre (campus Rio Branco e Campus Cruzeiro do Sul), além do apoio de parlamentares como o vereador Rodrigo Forneck e o deputado estadual estadual Daniel Zen, que se sensibilizaram com a causa, apoiando na transformação dessa ação em políticas públicas.

O idealizador da campanha no Acre Cleiver Lima, conta como iniciou essa ideia de propagar as informações da SAF.

“Eu e minha esposa adotamos uma criança aos nove meses e com o tempo fomos identificando alguns sintomas da síndrome, hoje ela tem 9 anos e a campanha tem esse objetivo de informar e alertar as pessoas dessa doença”.

Ao longo de dois anos de campanha, já resultaram em um curso sobre SAF oferecido pelo CRM-AC e pela SAP em 2017, para médicos de todo os estado, além de capacitações para enfermeiros da atenção básica de saúde das Secretarias Municipais de Saúde dos municípios de Rio Branco, em 2017, e de Cruzeiro do Sul, em 2018.

O Primeiro Seminário de Sensibilização sobre a SAF foi realizado em 2017, com a parceria com MPE-AC, SAP e LAPED, que contou com a participação de mais de cem profissionais das áreas de saúde e assistência social.

Foram feitas orientações sobre o tema em atendimentos do MPE-AC à população em todo o estado. Também foram realizadas várias rodas de conversa com mulheres grávidas em CRAS e Unidades de Saúde de Rio Branco e Cruzeiro do Sul, além de ações de divulgação sobre a SAF em atividades de panfletagem.

A Lei Estadual 3.301 de 30 de Novembro de 2017 criou o Dia Estadual da Conscientização e Prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal, no dia 09 de setembro; e aprovação da Lei Municipal 2.275 de 10 Janeiro de 2018 que dispõe sobre diretrizes para a conscientização sobre a Síndrome Alcoólica Fetal , instituindo também o Dia Municipal de Sensibilização sobre a SAF no dia 09 de setembro.

“Em 2019 a campanha contará com uma programação que abrangerá desde palestras para estudantes e profissionais das áreas de biologia, medicina, enfermagem, fonoaudiologia e psicologia, uma audiência pública na Câmara de Vereadores sobre as ações da prefeitura municipal de Rio Branco na prevenção à SAF e atividades como blitz educativas e rodas de conversas com jovens e mulheres grávidas”, finaliza Lima.

Como o álcool afeta o bebê?

Quando ingerido pela gestante, o álcool cruza a placenta e penetra no feto diretamente pelo cordão umbilical. Em cerca de uma hora, a taxa de álcool, no sangue do feto, é a mesma encontrada no sangue da mãe.

O álcool age como substância tóxica no organismo ainda em formação do bebê.

Sintomas da SAF

  • Prematuridade
  • Atraso no crescimento pré e pós-natal
  • Baixo peso ao nascer
  • Microcefalia
  • Deformação facial (queixo retraído, olhos de menor tamanho, queda da pálpebra superior, lábio superior fino)
  • Deformidades do esqueleto e dos membros
  • Más formações em órgãos como coração e rins
  • Distúrbio de visão
  • Má coordenação
  • Má nutrição
  • Perda de audição
  • Baixo desempenho escolar
  • Problemas na fala
  • Fenda palatina ou labial

Estudos apontam que há ainda o risco aumentado de aborto espontâneo no primeiro trimestre da gravidez, decorrente do consumo de álcool.

A frequência das complicações provocadas pelo álcool variam conforme estado nutricional da gestante, genética e até mesmo a quantidade ingerida. Por isso, nem todos os bebês expostos ao álcool serão afetados pela substância, mas a probabilidade é alta.

Embora algumas crianças não apresentem nenhum sintoma marcante ao nascer, elas podem manifestar, ao longo da vida, diferentes problemas decorrentes da exposição ao álcool, como dificuldades na aprendizagem e alterações no comportamento.

 A SAF não tem cura, mas é 100% evitável

Como são vários os fatores que influenciam na predisposição da criança aos efeitos do álcool, nenhuma quantidade de bebida alcoólica consumida durante a gravidez é considerada segura.

O álcool pode lesar o feto em qualquer estágio da gestação, inclusive durante as primeiras semanas, mesmo antes da mulher saber que está grávida. Assim, a abstinência é a única forma de prevenção.

A síndrome é irreversível. O tratamento, especialmente se for precoce, pode ajudar a reduzir alguns sintomas.

Estatísticas

A doença contabiliza, no mundo, de 1 a 3 casos por 1.000 nascidos vivos. No Brasil, infelizmente, não há dados oficiais sobre a síndrome. Entretanto, existem números preocupantes, de universos específicos, que indicam que a questão ainda é desconhecida e negligenciada. Um estudo realizado com quase 2 mil grávidas, apontou que 33% bebiam mesmo esperando um bebê. O mais grave: 22% consumiram álcool até o dia de dar à luz.

Das mulheres que usaram álcool na gravidez, 30-50% terão filhos com alterações clínicas do desenvolvimento. Estima-se que, para cada criança com a síndrome completa, existam três que não apresentem todas as características da síndrome, mas que possuam déficits neurocomportamentais resultantes da exposição pré-natal ao álcool.

O tratamento precisa ser orientado por um médico, devendo contar, sempre que possível, com a presença de uma equipe multidisciplinar com psicólogo, psicopedagogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, entre outros, e se prolongará por toda a vida.

Os cuidados com as crianças com SAF, por envolverem atendimento médico, psicológico, social etc, implicam em custos bastante elevados. Dados obtidos nos Estados Unidos estimam gastos em cerca de 5.400,00 bilhões de dólares por ano.

Esses dados deveriam ser usados como fonte de evidência científica para alertar a necessidade de políticas de saúde em relação à prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal.

Alguns municípios no Brasil incluíram o dia mundial de prevenção da SAF em seus calendários de datas comemorativas, a exemplo do Rio de Janeiro.

Em outros, como São Paulo, o prefeito Fernando Haddad sancionou uma Lei que cria a campanha permanente de esclarecimento sobre a SAF.

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