Esse negócio de deputado de oposição retirar assinatura de CPI não é novo na política acreana.
Hoje foi o petista Jonas Lima, que ajudou a sepultar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar casos flagrantes e corrupção na Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE).
Mesmo sendo, em tese, de oposição, Jonas Lima se comportou como governista de primeira linha.
Pastor, o petista é um homem de negócios. A sua família também. Um dos seus irmãos trabalha diretamente com o empresário Eládio Cameli, pai do governador Gladson Cameli.
A família Lima Pinheiro tem muitos interesses com o governo estadual, que não nasceram no atual governo.
E são esses interesses que merecem ser analisados com uma breve recapitulação da história.
Em 2015, o deputado Luiz Gonzaga (PSDB) propôs a criação de uma CPI para investigar as obras da BR-364.
Gonzaga queria atingir ao governo, mas poderia acertar às famílias Cameli e Lima Pinheiro, que ganharam licitação e trabalharam na construção da estrada.
A BR-364 até Cruzeiro do Sul custou R$ 1,6 bilhão, sendo que mais de R$ 300 milhões foram investidos na construção de pontes.
Outros R$ 400 milhões foram pagos às empresas da família do atual governador.
À época, deputado de primeiro mandato, o atual presidente da Aleac, Nicolau Júnior (PP), foi contra a oposição e retirou a assinatura da CPI.
Júnior é cunhado de Gladson.
Para justificar a decisão do colega de partido, o deputado Gerlen Diniz declarou: “O PP não debateu sobre qual seria o posicionamento do partido. Com isso, o deputado Nicolau Júnior estava livre para decidir sobre o assunto. Em nenhum momento ele foi contra a orientação da sigla. Só espero que futuramente a oposição esteja mais afinada”.
Argumento semelhante foi usado por dirigente petista procurado pelo Portal.
Seis anos depois. Jonas Lima, além de outros interesses, parece estar retribuindo a “gentileza” de Nicolau Júnior.
A turma do Juruá se entende nos negócios familiares.