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O que realmente une Gladson Cameli e Socorro Neri na disputa da prefeitura de Rio Branco

Quando resolveu desconsiderar os aliados que lhe levaram ao Palácio Rio Branco para apoiar a candidatura da prefeita Socorro Neri à prefeitura de Rio Branco, o governador Gladson Cameli não agiu meramente pelo impulso que lhe é peculiar.

Agiu pelo espírito de sobrevivência.

Gladson sabe que os seus adversários estão ao seu lado, com pessoas ocupando espaços estratégicos dentro do seu governo. Por isso, procurou refúgio em uma prefeita discreta, honesta, mas com uma gestão correta e equilibrada.

Procurou a antítese do seu governo fraco e que não disse a que veio, segundo palavras da deputada federal Mara Rocha (PSDB).

O normal seria Cameli marchar com qualquer um dos candidatos de partidos que lhe deram sustentação, como os do MDB ou PSDB.

Ele não quis apoiar nem o do seu partido. Ameaçou sair, mas optou por pedir afastamento do Progressistas.

Em tempo de pandemia, Gladson criou o novo normal na política acreana.

O rapaz sabe que é um erro querer tachar Socorro Neri de incompetente ou desonesta no ponto de vista administrativo.

O problema dela é outro e será abordado no parágrafo seguinte.

O que une Gladson e Socorro é o pouco caso e a falta de respeito com os aliados.

Recentemente, em tom raivoso e ácido, o vice-governador Wherles Rocha fez um breve histórico da trajetória política da prefeita.

De fato, Socorro Neri está prefeita numa articulação feita pelo então governador Tião Viana, do PT, que foi buscá-la no PSDB para ser candidata a vice na chapa de Marcus Alexandre. 

Até hoje não se sabe até que ponto ela contribuiu para a reeleição do petista. 

Mas a sua candidatura foi bancada a contra-gosto dos petistas, que queriam o deputado Daniel Zen, e dos comunistas, que lutaram pela permanência do ótimo e leal vice Márcio Batista.

Tanta preocupação com a vice-prefeitura tinha razão de ser. Era de domínio público que Marcus Alexandre sairia para concorrer ao governo do Estado, como de fato aconteceu.

Entregar a prefeitura a uma pessoa recém-chegada, com origem no MDB e passagem no PSDB, era temerário. Quem pensava assim acertou.

No comando da prefeitura, Socorro Neri foi se distanciando do PT e do PC do B, partidos da base ideológica da antiga Frente Popular. Marcus Alexandre, perdeu a disputa para governo. 

Aliança com os partidos de esquerda deixou de ser interessante. O Acre e o Brasil aderiram à onda conservadora e populista.

Há coisas, porém, que não podem ser negadas, porque a história cobra.

Da esquerda estigmatizada, a prefeita não herdou apenas o mandato.

Teve como herança uma prefeitura bem cuidada durante 14 anos por aqueles que podem ser considerados os melhores prefeitos de Rio Branco, os petistas Raimundo Angelim e Marcus Alexandre.

Com a casa ajustada, a prefeita só erraria se quisesse. Ela não quis. É inteligente, cuidadosa, honesta.

Longe dos incômodos petistas e comunistas, Neri iniciou a aproximação com o centro. Foi “paquerada” pelo senador Sérgio Petecão (PSD), chegaram a dançar em praça pública, mas o casamento político não fluiu.

Agora, prefeita caminha para troca de aliança com Gladson Cameli. Assim como a sua aliada, o governador também demonstra pouco apreço pelos antigos aliados, o que está provocando uma confusão gigante dentro do grupo político que se juntou em 2018 para derrotar o PT.

Gladson, sem consultar o dirigentes do PDT, convidou o jovem advogado Eduardo Ribeiro para concorrer a vice-prefeito.

Eduardo Ribeiro era do MDB. Foi do PSB da prefeita e secretário municipal. Também foi assessor especial no fim do mandato do governador Tião Viana.

A política, com desmoralização e a criminalização dos políticos e dos partidos, fica mais estranha a cada dia. Mas é preciso ter coerência histórica e respeito com quem contribui com a trajetória.

Sobre o sucesso dessa aliança, diante de um quadro com quase 10 candidaturas -um feito inédito na história – é bom citar a frase de George Orwell: “O vencedor do momento, seja quem for, sempre vai parecer invencível”.

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