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“Não é festa, é revolução!” – Acre, 117 anos do início da Revolução

Com esta frase, o militar gaúcho José Plácido de Castro iniciou a revolução de tornar, pela terceira vez,  esse local da Amazônia território independente do Acre. As 5 horas da manhã no dia 06 agosto de 1902, o comandante e mais 33 homens – de sua tropa de seringueiros – invadiram uma casa de madeira em Xapuri, que funcionava como Intendência da Bolívia. Castro tomou posse do local e aprisionou os militares bolivianos. 

Eles entraram discretamente e a população local confundiu a revolução com a festa que se passava pelo Dia de Independência da Bolívia. Para as batalhas que sucederam, Plácido aceitou treinar e ordenar cerca de dois mil seringueiros que lhe ofereceram o apoio necessário para combater os bolivianos.

Antes da revolução, as fronteiras entre Brasil e Bolívia eram delimitadas pelo Tratado de Ayacucho, reconhecendo o Acre como pertencente ao território boliviano. Ainda assim, a exploração de seringa havia chamado a atenção, e o região do vale do Acre já detinha bastante valor econômico com a extração do látex de seringueiras nativas. Com isso, trabalhadores em sua maioria nordestinos, começaram a colonizar o oeste amazônico.

Após importantes batalhas, em 24 de janeiro de 1903, os bolivianos em Puerto Alonso se renderam aos rebeldes, que já haviam tomado toda a região. Três dias depois, foi proclamada a Terceira República do Acre, com a assinatura do Tratado de Petrópolis pelo qual o Acre passou a ser reconhecido como parte do Brasil, agora com o apoio do presidente Rodrigues Alves e do seu Ministro do Exterior, o Barão do Rio Branco.

Fim diplomático

Ao ser informado de que a Bolívia preparava um ataque maciço para retomar a região, o Barão do Rio Branco interviu. Do acordo entre Brasil e Bolívia, afirmou-se que a Bolívia cederia ao Brasil uma área de 142.800 quilômetros quadrados, em troca de dois milhões de libras esterlinas.

O Brasil, por sua vez, comprometia-se a construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré, a fim de garantir o escoamento da produção boliviana pelo rio Amazonas. Assinou-se, então, o Tratado de Petrópolis, em novembro de 1903, colocando-se um ponto final ao conflito internacional. A data 6 de agosto foi oficializada como dia da Revolução Acreana.

Ocupação/Insurreições 

A ocupação do território acreano por brasileiros começou por volta de 1880. Inicialmente o governo boliviano não deu muita atenção, já que se tratava de uma região de difícil acesso e que até então, não possuía grande importância econômica. Foi só quando o coronel boliviano José Manuel Pando teve que se refugiar na região, após uma tentativa de golpe, que se deu conta do tamanho da presença brasileira e buscou alertar o governo.

Consequentemente, em 1899 a Bolívia decide abrir um posto administrativo em Puerto Alonso, cobrando impostos e lançando taxas aduaneiras sobre as atividades dos brasileiros. A Bolívia interviu e o presidente brasileiro Campos Sales extinguiu a República do Acre em março de 1.900. Já em 1901, o governo boliviano firmou contrato com o Bolivian Syndicate. Eles passaram a cobrar sobre a borracha que saia da região, os seringueiros começaram a ser obrigados a negociar com o Bolivian Syndicate. A Bolívia pensou que essa seria a forma de dominar a região economicamente

A primeira insurreição contra o domínio espanhol, ocorreu em julho de 1899, quando o jornalista e diplomata espanhol Luís Galvez Rodriguez de Arias, enviado ao Acre pelo então governador do Amazonas, proclamou a República Independente do Acre. 

O governo de Galvez durou apenas 100 dias, pois, ele foi destituído do cargo pelo Exército brasileiro, que respeitando o Tratado de Ayacucho, assinado entre os dois países em 1867, considerava o Acre território boliviano.

Em novembro do ano seguinte, uma nova insurreição. Liderados pelo jornalista Orlando Corrêa Lopes um grupo de brasileiros tenta novamente proclamar a República Independente do Acre. O movimento, que ficou conhecido como “Expedição dos Poetas”, devido o grande número de jornalistas e literatos que a compunham, foi facilmente expulso do território pelos bolivianos.

Legado da Revolução

Para o historiador Marcus Vinícius da Neves, mais que anexação do território acreano ao Brasil, a Revolução deixou marcas culturais que podem ser notadas ao longo dos últimos 117 anos.

“Foi uma luta contra os estrangeiros para que o Acre se tornasse Brasil. Mas logo depois o governo brasileiro criou no Acre um território federal e os acreanos foram novamente à luta para que tivessem autonomia política e depois quando a Ditadura Militar veio querer moldar o Acre e trazer os fazendeiros, houve novo momento de resistência dos seringueiros contra a transformação da floresta em pasto. Ou seja, o acreano tem na sua identidade uma marca de luta, resistência e defesa do Acre que permaneceu por toda sua história e começa exatamente na Revolução Acreana”, reflete o historiador.

A Revolução é resultado de um longo processo histórico que se vivia, não só no Acre como na Amazônia, que foi o primeiro ciclo da borracha. 

“A borracha se tornou tão valiosa quanto ouro, o que fez com que milhares de brasileiros subissem os rios em busca dessa riqueza. Por isso, o Acre foi ocupado”, finaliza Marcus.  


115 anos de fundação do bairro 6 de agosto

Um dos bairros mais tradicionais da Capital, era chamado de rua África e se tornou bairro 6 de agosto, a “Seis” como é conhecida atualmente se confunde com a história de Rio Branco. 

Para comemorar 115 anos de fundação do bairro Seis de Agosto e 117 anos da Revolução Acreana, uma extensa programação foi elaborada pela Associação dos Moradores do Bairro Seis de Agosto

Já é 36ª vez que a comunidade se reúne para festejar a data. A programação começa com um café da manhã comunitário, além de atividades esportivas, shows, e os tradicionais desfiles cívicos da Polícia Militar do Acre, do Corpo de Bombeiros Militar do Acre, do Exército e de alunos que estudam nas escolas da região.

Neste ano, além da já tradicional queima de fogos às 5 da manhã, em homenagem ao início da revolução, as 10:30 está programada a inauguração da quadra sintética do bairro, com o jogo Amigos do Dodinha x 06 de Agosto Master, o jogo também faz parte da comemoração de 90 anos do 06 de Agosto Futebol Clube.

A programação se estende por todo dia e encerra as 22 horas com os shows com os Baladeiros do Forró, em seguida Gugu do Cavaco e Banda.

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