Bancário, o deputado estadual Neném Almeida conhece o bem dinheiro. Acostumou-se a contar as cédulas e sabe que há muitas pessoas que têm preço.
Neném Almeida é autoproclamado independente na Assembleia Legislativa (Aleac). É um dos nove deputados que assinaram o requerimento apresentado pelo petista Daniel Zen para instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com o fito de investigar irregularidades na Secretaria de Estado de Educação (SEE).
Ontem, o Diário Oficial do Estado trouxe a nomeação da senhora Ana Cristina da Costa Oliveira para ocupar uma função gratificada, CEC-6, na Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia.
A nova integrante do governo é esposa de Neném Almeida.
Até ontem, o deputado disse que não iria retirar a assinatura.
Mas hoje a história pode ser diferente.
A nomeação da esposa de um parlamentar é apenas o sinal de como o governo pode agir para enterrar as investigações na maior secretaria de governo, que vem sendo criadouro de escândalos de corrupção.
O governador Gladson Cameli disse que não teme.
Os seus movimentos revelam o contrário.
Ele teme e teme muito.
A CPI pode abrir as porteiras para investigações em âmbito federal, haja vista que há comprovação de mau uso de dinheiro do Fundeb.
O problema, porém, é que Neném Almeida não irá se contentar apenas com a nomeação da esposa. Ele tem preço alto e deve ter apresentando um pacote maior.
Pelas bandas do Parlamento, falou-se também na possibilidade abrir diálogo com Fábio Calegário, o homem das terceirizadas. E até na possibilidade de o petista Jonas Lima mudar de partido e retirar a assinatura.
Há muitos fuxicos e especulações.
Bancar os pedidos supostamente feitos por Neném e Calegário poderia abrir fissuras na base.
O caminho mais fácil seria atrair o MDB, que tem três deputados. Segundo as especulações, o deputado Roberto Duarte estaria à frente dessas articulações. No pacote, os emedebistas assumiriam, além de cargos no governo, a liderança do governo na Aleac.
O fato é que o governo se moveu.
Nesse movimento, por incrível que pareça, afastou mais ainda dos aliados eleitorais e se abraçou novamente com a ex-prefeita Socorro Neri, provando que não tem quadros ou não confia nos aliados.
Será que Socorro Neri consegue atrair o deputado Jenilson Lopes para a base do governo?
O outro membro do PSB na Aleac, Manoel Morais, é governista de carteirinha e tem parentes investigados no escândalo da merenda escolar.
Nesse jogo o único neném que tem é sabido demais.