Gladson Cameli prepara o terreno para trocar comando da Saúde novamente

Quem conhece o modus operandi de Gladson Cameli não tem dúvidas: ele prepara o terreno para trocar o comando da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).

A amigos e à pessoas mais próximas, Cameli não esconde a insatisfação com o fraco desempenho da secretária Mônica Kanaan e dos seus coronéis, especialmente com o secretário adjunto Jorge Fernando Resende, acusado de ter chamado os trabalhadores de “vagabundos”.

Segundo fonte palaciana, a demissão de Resende era dada como certa, mas o governador recuou quando Kanaan disse que iria junto.

Antes de dar a canetada de exoneração, o governador segue um roteiro próprio para fritar a assessora.

É visível o evasivamente do poder de Kanaan, que não tem participado de reuniões estratégicas inerentes à sua parte.

Segunda-feira, Cameli rasgou elogios ao deputado José Bestene, dizendo que o parlamentar não é secretário porque não quis.

Bestene, o elogiado, é crítico ferrenho de Mônica Kanaan e a sua equipe.

A secretária foi importada de Brasília para, além de trabalhar a terceirização, “desbestenizar” a Saúde.

Veio substituir o sobrinho do deputado, o odontólogo Alysson Bestene, que foi acomodado ao lado do gabinete governamental como secretário de Articulação Política.

O Diário Oficial de hoje põe ao lado de Alysson um dos mais fiéis assessores do parlamentar: Carlos Augusto Costa, o Carlinhos.

A verdade é que, desde que pôs os pés no Acre, Mônica Kanaan pouco fez para justificar a sua importação.

Na verdade, ela não passou um mês integral trabalhando em solo acreano, pois as suas viagens a Brasília são constantes.

A Saúde de Gladson Cameli só piorou. O caos está instalado em todas as unidades, com tendência de piorar ainda mais.

O Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco corre o risco de estrangulamento com o fim dos contratos dos médicos e enfermeiros com contratos emergenciais.

Na Fundhacre a situação não é diferente. A unidade realizava cerca de 500 cirurgias por mês. Atualmente não chega a 100.

Em todas as unidades faltam profissionais e medicamentos básicos.

Mônica Kanaan e os seus coronéis só trouxeram desgate e confusão para dentro do governo.

A imagem de Cameli está desbotada entre os servidores da Saúde, cuja maioria apoiou a sua eleição. Também está opaca com os usuários do Sistema Único de Saúde ( SUS).

Talvez Cameli tenha percebido que, ou derruba Kanaan, ou cairá junto com ela.

Kanaan não deu a resposta mínima. Talvez o que ainda lhe mantenha no cargo é a proximidade quase familiar com o chefe da Representação do Acre em Brasília, Ricardo França, que é um dos homens de confiança do governador.

Mas é melhor não apostar que a secretária siga no cargo até dezembro. E, caso caia, é imperioso mostrar à população se devolveu os três meses de salário recebido indevidamente. São quase R$ 80 mil.

O Acre não é atrativo para a médica em termos financeiros. Por meio legais, ela perde dinheiro. Resta saber se vai preferir ficar no prejuízo.