Tempo é coisa preciosa.
Quando se usa esse tempo para ganhar dinheiro, isso tem ainda mais valor.
Significa mais grana no bolso.
Essa parece ser a lógica do médico Marcellus Antonio Motta Prado.
Marcellus Antonio foi nomeado, em março deste ano pelo governador Gladson Cameli, para o cargo de gerente da policlínica do bairro Tucumã, onde tem o dever de cumprir uma carga horária semanal de 40 horas.
Seria normal. Afinal, trata-se de um profissional com reconhecida competência como médico da família.
O problema, no entanto, é que torna-se humanamente impossível o médico fazer bem feito aquilo a que se propõe.
Isso é dito porque Motta Prado também é professor do curso de Medicina da Universidade Federal do Acre, onde também tem carga horária semanal de 40 horas.
Não são apenas essas 80 horas semanais que consomem o tempo do doutor.
O homem consegue fazer mágica com o tempo. Parece que o seu relógio funciona de outra maneira.
Numa rápida pesquisa no Portal da Transparência do governo do Amazonas, o médico aparece com dois contratos. Em um deles, inclusive, tem gratificação.
Tem lotação no município de Pauiní.
Recentemente, a imprensa amazonense fez denúncia contra o profissional. O governo abriu investigação para apurar a “gazetagem”.
Participante de grupo de WhatsApp de médicos, Marcellus Antonio declarou que reativou o seu contrato no Amazonas em fevereiro, mas pediu para desativar em março, por incompatibilidade legal.
O dinheiro, porém, continua caindo em sua conta.
Ele garante que fará a devolução tão logo a demissão seja efetivada.
O leitor pode não acreditar. Mas, além de tudo isso, Marcellus Antonio ainda tem tempo para atender no seu consultório particular.
Aqui no Acre, o governador Gladson Cameli, que tanto fala em cartel na Saúde, poderia fiscalizar melhor as cargas horárias e os plantões dos profissionais.
Sempre há tempo para corrigir distorções e punir a quem distorce as regras.