A política é recheada de histórias e superstições.
Uma delas é a que não se deve colocar cocar indígena na cabeça.
Aqui no Acre, os irmãos Tião e Jorge Viana foram os políticos que mais trabalharam e respeitaram os povos indígenas, mas nunca puseram o ornamento sobre a cabeça.
Pode ser folclore, mas os políticos mais experientes preferem não dar sopa ao azar.
Segundo a lenda, o azar não vem do cocar.
Vem das penas com que ele é feito.
Se a ave que cedeu as penas tiver morrido, o azar é maior ainda.
Um dos políticos mais longevos do país é o ex-presidente José Saney.
Supersticioso, o morubixaba resistiu a inúmeras investidas de líderes indígenas que queriam colocar cocar em sua cabeça.
Sarney conhece o caminho das pedras e das penas.
Os políticos que cederam não tiveram boa sorte.
O ex-presidente Lula foi um deles.
Juarez Távora, que disputou a Presidência em 1955, posou com um cocar ao visitar Goiás. Perdeu a eleição para Juscelino Kubitschek.
Na campanha presidencial de 1984, Mário Andreazza recebeu um cocar do cacique Crumari e perdeu a convenção de seu partido, o então PDS.
Tancredo Neves também foi vítima da maldição do cocar em 84. Ganhou a eleição, mas morreu sem assumir o mandato.
O último a desafiar a tradição foi Ulysses Guimarães, em 1988. Logo depois, entrou em depressão e teve que recorrer a medicamentos à base de lítio para superar a crise.
No Acre, o governador Gladson Cameli foi o primeiro a fazer o uso do cocar para posar para foto.
Dizem que a falta de sorte é maior quando o político não cumpre as promessas.
Cameli não tem nem assessor indígena.