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Dupla de senadoras bolsonaristas enrola-se na Justiça

PGR é pela cassação de Selma Arruda no TSE, e Mailza Gomes perde primeira no STJ em caso de improbidade

André Barrocal

Jair Bolsonaro não está com sorte com as mulheres. Temas delas nas pesquisas uma avaliação pior do que seu índice geral. A esposa, Michelle, deixou-o exposto no caso Fabricio Queiroz, graças a 24 mil reais recebidos do ex-PM. Um laranjal com candidaturas femininas em Minas em 2018 custou uma acusação à Justiça de três crimes contra seu ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio.

Não bastasse isso, no Senado, duas apoiadoras estão encrencadas no Judiciário, uma delas inclusive corre risco sério de cassação. Essa ameaçada é Selma Arruda, do Mato Grosso, eleita pelo PSL, o partido bolsonarista, mas agora no Podemos. A outra é Mailza Gomes, do Acre, eleita pela PSDB e hoje PP, cuja situação até pode descambar para cassação, embora seja mais difícil.

Nascida há 56 anos em Camaquã, cidade gaúcha de 62 mil pessoas, Selma é ex-juíza. Pendurou a toga em março de 2018, para disputar a eleição pelo estado onde trabalhava. Vendeu-se na campanha como “a senadora do Bolsonaro” e “Moro de saias”, esta última uma referência ao ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça.

Em abril passado, Selma foi cassada por caixa 2, crime que um dia Moro achou pior que corrupção. Foi uma decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Mato Grosso. Ela foi acusada por adversários ao TRE de ter feito campanha antes da hora, e com grana escondida do tribunal.

As provas estão em uma cobrança judicial movida pela empresa que Selma havia contratado para cuidar de sua imagem, a Genius. A firma cobrou per serviços prestados entre 9 de abril e 1o de agosto de 2018. A campanha só começou de fato em agosto.

Uma certa quantia paga à Genius, 1,2 milhão de reais, saiu de empréstimo feito pelo milionário empresário Gilberto Possamai, que concorria como suplente da senadora e foi igualmente cassado. O empréstimo não foi declarado à Justiça eleitoral. O TRE mandou realizar nova eleição para a vaga de Selma.

A  ex-juíza só não perdeu o mandato ainda por ter recorrido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outra mulher, Raquel Dodge, procuradora-geral da República até setembro, mandou ao TSE um parecer a favor da cassação e de nova eleição. Foi em 10 de setembro, um dos últimos atos de Raquel na PGR.

Selma deixou recentemente o PSL, o partido de Bolsonaro, devido a pressões de um filho do presidente, o também senador Flavio. Este tenta evitar a CPI da Lava Toga, à qual tem o apoio de Selma – em Brasília comente-se a ex-juíza embarcou na CPI para barganhar a salvação do mandato do TSE. Rumor à parte, ela jura que a troca de partido não significa o fim do apoio ao presidente.

“O presidente Bolsonaro está no caminho certo, está cumprindo suas promessas de campanha. Ele é muito verdadeiro em suas palavras e ações, está colocando o Brasil nos trilhos com muita capacidade. Ele é a nossa esperança.” Palavras não de Selma Arruda, mas da outra senadora encrencada desta reportagem.

Nascida há 42 anos em Mundo Novo, município de 140 mil habitantes no Mato Grosso do Sul, Mailza Gomes é uma condenada por improbidade administrativa. Em agosto, teve uma primeira derrota na tentativa de provar a inocência em Brasília. O juiz Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou um recurso pedido por ela em maio de 2018.

O recurso busca anular a sentença de um juiz do Acre, confirmada no Tribunal de Justiça (TJ) do estado em 2016. Mailza foi condenada juntamente com o marido, James Pereira da Silva, por este ter contratado sem licitação uma empresa, a MS Serviços, logo ao assumir, em 2009, a prefeitura de Senador Guiomard. Mailza era secretaria municipal de Administração e participou da contratação.

O casal foi sentenciado por improbidade administrativa. Há dúvida se Mailza perderá o mandato, caso a condenação seja confirmada nos tribunais em Brasília. Ela não disputou eleição como “ficha-suja”. Era senadora, embora suplente, desde 2015, e a sentença de segunda instância é de 2016 (a condenação de segunda instância é que faz do político “ficha-suja”).

Mailza assumiu a vaga de senadora em definitivo em dezembro de 2018, quando o titular, Gladson Cameli, renunciou para ser governador do Acre.

Fonte: Carta Capital

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